quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil - parte 3 - Um pouco da cultura Africana

Nos textos anteriores (parte 1 e parte 2) dividi os com vocês alguns conceitos estudados na disciplina "Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil". Hoje, continuando o estudo, vamos conhecer através do professor Kabengele Munanga alguns pontos importantes quando falamos de cultura africana.

Kabengele Munanga é professor especialista em antropologia da população afro-brasileira, mora no Brasil mas nasceu em no Congo, onde iniciou seus estudos e graduou-se em Ciências Sociais.
Resumo sobre Cultura Africana
Professor Munanga: Mito!!

É interessante notar o quanto a cultura africana é semelhante a brasileira. Não podemos cair no erro de achar que há unanimidade comportamental em todos os países mas existem pontos em comum que formam a verdadeira identidade africana. A África subsaariana é a que mais apresenta tais características e é delas que falaremos abaixo.

Um aspecto cultural muito marcante na África subsaariana é como seus nativos encaram a morte. Para eles a perder a vida não é um fim com caráter separativo pois entende-se que há união entre os vivos e os mortos, através do legado deixado pela ancestralidade. Em outras palavras, os vivos são "unidos" aos mortos, por transmissão de forças inter parentais.

Maturidade: Para uma pessoa ser considerada adulta entendemos que deve sair da casa dos pais e ser capaz de sustentar-se sem ajuda de ninguém. Também associamos isto ao casamento. Já na África a vida adulta é caracterizada pela capacidade de suportar dores. Rituais de sacrifício servem para demonstrar o quanto madura e evoluída uma pessoa está.

Governo: Nos povos africanos é comum entender-se que o soberano é o povo, que este é o ser mais importante para representá-los, tanto que quando um governante caiu doente, por exemplo, deve ser afastado para que seu povo não "torne-se doente também". Muitas vezes são induzidos ao suicídio. Os chefes de estados são mantidos no poder por ancestralidade e socialização.

Unanimidade: A África possui um aspecto que eu, Thainá, considero de um caráter pacífico que é a unanimidade. Os mais maduros de um vilarejo ou localidade tendem a tomar decisões somente quando há um consenso sobre os mais diversos assuntos, evitando assim conflitos e possíveis guerras.

Família: É comum os africanos manterem proximidade com suas mães até a vida adulta e casarem-se por conveniência (casamento arranjado). Muitas vezes a ficção nos mostrou o casamento arranjado como algo negativo e repudiante mas devemos entender que o "amor romântico" e o "casamento por amor" são coisas relativamente modernas: a maioria das sociedades viviam assim no passado e não chegou-se a criar problemas sociais graves por conta disto. Na África o casamento também revela um status de acordo com quem você é arranjado, a qual família pertence e pertencerá (isso não é muito diferente daqui, né?). Há um laço forte de ternura entre os netos e os avós, uma certa cumplicidade porque avós = 💗 e também vemos muito disso em outras culturas. Na sociedade africana não há papel social para o solteiro e é incentivado o casamento e reprodução de pessoas com graus de parentesco muito distantes ou zero (exogamia).



>>> Confira aqui a quarta e última parte desta leitura

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