sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Resumo: História da Idade Média Ocidental

Nesta postagem quero compartilhar com vocês alguns assuntos estudados na disciplina História da Idade Média Ocidental na Universidade Estácio de Sá, na graduação em História.

Tudo sobre a Idade Média - História

Introdução


O período medieval é interpretado equivocadamente como um período sem grandes evoluções graças aos iluministas que tratavam tal lapso temporal como algo inferior ao que viviam (e também ao período da Antiguidade). Existem muitos estereótipos sobre cavaleiros, armaduras, castelos, mas a razão principal disto é a industria cinematográfica hollywoodiana: devemos nos despir dos preconceitos e estudar o período como algo fluído, com seus altos e baixos: não devemos entender estes mil anos como um período fixo, rígido e sim seu contexto.

Atualmente temos esta consciência sobre a Historiografia da época, no entanto, a história é estudada diferentemente de período pra período. Para os românticos, a idade média é vista de um jeito, para marxistas, de outro, para iluministas, de outro. A Idade Média também já foi chamada de Idade das Trevas, reforçando o estereótipo acima mencionado. Enfim, o Medievo vai ser "visto" pelas pessoas de acordo com interesses políticos e didáticos, assim como todas as eras.

Os marcos que separam os períodos históricos são meramente didáticos, não devemos entender como uma ruptura que aconteceu de um dia para o outro, são processos. Dizer que a queda do império romano marca o início da idade média é um erro comum, eis que ele foi se desfragmentando antes do ano de 476. Alguns autores veem a tentativa de tetrarquia de Diocleciano como o início da fragmentação do Império Romano; desse modo, as interpretações podem variar.

Características Principais


Um importante autor medievalista foi March Bloch dos Annales. A era medieval começa com as migrações de povos germânicos (erradamente chamados bárbaros) dentro da Europa e nas fronteiras do Império até a Ásia. Esse momento de desestruturação do Império Romano e organização dos reinos germânicos é o período chamando Primeira Idade Média: são fatos super importantes para estudarmos o período medieval.

A princípio devemos entender 3 tradições da Idade Média:
  • Romanismo: O uso de Roma como referência cultural indicando que, o que não era romano, era "bárbaro", no sentido negativo da palavra;
  • Germanismo: Povos que não consumiam da experiência greco-romana;
  • Cristianismo: Religião dominadora e política que marcou a época;

Essas três tradições são aspectos culturais que definiram essas estruturas. Também devemos compreender os conceitos de:
  • Pax Romana: Período sem grandes guerras antecessor as migrações germânicas que de certa maneira facilitaram tais invasões. Roma acabou enfraquecendo e tais povos aproveitaram;
  • Ruralização: Com a queda do império ocorreu o êxodo urbano fazendo com que as pessoas voltassem para o campo, em busca de subsistência;
  • Colonato: Com essa volta ao campo, pessoas sem propriedades de terras passaram a trabalhar neste regime para os grandes proprietários;

A organização do Império Romano era mediterrânea e neste período houve o crescimento da migração para o norte europeu. No período conhecido como Idade Média Central temos o afluxo de ouro e prata, as grandes negociações comerciais, foi o auge do feudalismo

Reinos Germânicos


O Império Romano praticava muitas transações com os reinos germânicos antes mesmo de suas invasões. Podemos dizer que não foi um período 100% em guerra pois a ocorrência desta trazia muitas consequências negativas para o Império. Em 476 ocorreu uma vitória sobre os Hunos que tentavam pressionar outros povos germânicos a realizar a invasão. 

Os Suevos foram o povo que sucedeu o Império Romano em termos de organização política; tentaram defender uma monarquia centralizada na Galiza durante sua presença. O auge deste processo seria a "dinastia" constituída pelos reis suevos Hermérico, Réquila e Requiário.

Eles saquearam a Lusitania, Coimbra e Lisboa (península ibérica) no séc V e a ocuparam de forma veemente, mas entraram em conflito com os Visigodos que mais tarde anexaram o território Suevo ao seu. A conversão ao Cristianismo trouxe aos Suevos o aparato que faltava para a conexão com a população galo-romana, esse foi um ponto importante que os ajudaram a se fixar como reino.

Um outro povo que migrou da Europa Central até a península ibérica foram os Vândalos. Após este período, o enfoque ocorreu na travessia de Gibraltar e a fundação do reino Vândalo no norte da África. Entre eles não havia unidade étnica e sim militar. Os vândalos permaneceram no norte da África até a expansão dos bizantinos liderados por Justiniano.

Os Francos e os Carolíngios


Os Francos eram reconhecidos pelo Império Romano mas não havia uma linearidade em sua organização, ainda não havia uma centralização de poder concreta. Eles almejavam o status da romanidade, sofreram grandes influencias romanas e desse modo acabaram tornando-se um dos povos mais importantes do Período Medieval.

Seus líderes mais importantes foram Meroveu, que ganhou batalhas contra os Hunos. Os Francos foi um dos poucos povos que conseguiu resistir fixando na Gália dando origem ao atual país França, que sente muito orgulho de sua História. Childerico, filho de Meroveu, também continuou os trabalhos do pai, mas o grande destaque foi para seu neto, Clóvis, que conseguiu unir todas as tribos francas sob seu único domínio.

Clóvis assumiu o poder aos 15 anos e junto com seu exército dominou muitas regiões, fundando a dinastia Merovíngia. A História conta que Clóvis tinha um parceiro na região da atual Alemanha chamado Sigisberto e armou pra cima dele envolvendo seu filho Cloderico. Por influencia da esposa, prometeu que se vencesse uma batalha contra os Alamanos viraria cristão. Assim, fez aliança com a igreja católica e morreu aos 45 anos. Desse modo, a dinastia Merovíngia continuou mas Pepino de Herstal que era braço direito do rei determinou que seu cargo de administrador (major domus) seria vitalício. Seu filho, Carlos Martel, prefeito do palácio da Austrásia com sua concubina Alpaida, e nascido em Herstal, no que agora é a Valônia, na Bélgica, expandiu seu domínio sobre os três reinos francos: Austrásia, Nêustria e Borgonha. Lutou contra os muçulmanos na Batalha de Poitiers contendo o avanço islamita em direção à Europa. Seu filho, Pepino, o Breve, nomeou a dinastia Carolíngia em sua homenagem e seu neto, Carlos Magno, futuro rei dos Francos à época.

Feudalização


Na história é comum os humanos se organizarem em povos, ou pelo menos tentar se organizar com nomes, moedas e fronteiras comuns. Com o declínio das cidades-Estado da Antiguidade, a migração para o campo (norte europeu) se deu de maneira intensa pois as pessoas não queriam mais viver as mazelas de possíveis guerras, assim como precisavam se alimentar. A agricultura de subsistência voltou com força total e depois de certo tempo começaram a se organizar em Feudos. Na verdade, para ser mais exata, a instauração dos Feudos na Idade Média se deu mais precisamente no séc IX e X. Assim, o Feudalismo é uma das marcas mais importantes (ou a mais importante) da Era Medieval e foi a forma de centralização mais próxima que encontram possível, naquela época.

Cada região na Europa vivia um feudalismo diferente. Ainda haviam reis e tentativas de modernização (modernização = migração para cidades) e nem todos os locais eram iguais; as transações comerciais também eram diferentes, sendo assim, é importante destacar que existiam feudalismos "diferentes".

O que povoa nosso imaginário ocorreu graças a literatura de côrtes, cavaleiros, donzelas e castelos e por elas podemos conhecer um pouco da organização política da época. Durante o período feudal podemos destacar a expansão do Islã e a queda do Reino Franco como um dos importantes fatos ocorridos, mas não pára por aí.

A estrutura básica dos feudos envolviam a servidão e uma espécie de juramento de fidelidade. O que era produzido pelos camponeses pertencia aos senhores feudais, donos das terras, e somente uma pequena parte era destinado ao trabalhador. Assim era o feudalismo e a sociedade medieval era altamente estamental, ou seja, não havia possibilidade de ascensão social.

Os servos deveriam pagar a "corveia" ao seu senhor feudal, "banalidades" (imposto sobre o uso das ferramentas de propriedade do senhor) e com isto era comum a pobreza e miséria dos submetidos a esse sistema.

Jornaleiros eram artesãos e Vilões eram camponeses livres, que não trabalhavam para nenhum senhor, mas é importante dizer que as relações de troca/ permuta/ vassalagem/ servidão não fizeram o comércio desaparecer por completo, essas relações eram predominantes na Europa mas não absolutas.

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