quinta-feira, 13 de abril de 2017

Não existe "MULHER DE MALANDRO"

Esses dias ocorreu uma coisa que me chamou muita atenção, foi um dos assuntos mais comentados no Facebook. Sim, estamos falando de Big Brother Brasil (o programa da Globo).

Primeiramente, se você não assiste esse programa e acha que é um desserviço ao público brasileiro, "tâmu junto", eu também não assisto e acho que não há nada de proveitoso, porém, não fico pagando de culta pra desmerecer quem assiste. As mídias tradicionais tem a obrigação de tratar assuntos sérios, mas não é todo dia que se chega do trabalho a fim de ver mais desgraça do que já vivemos: "futilidades" também existem no entretenimento e tem sua relevância. Existem muitos que criticam BBB mas não perdem uma reprise de "As Branquelas". Então gente: menos, bem menos.

Mas voltando ao assunto, quero dizer é que rolou a expulsão de um participante por agir com abuso em relação a moça com quem estava se relacionando. Além de manipula-la psicologicamente, o cara ainda agiu com força bruta para intimida-la. Um verdadeiro babaca!! E a moça que estava com ele? 

(  ) Mulher de Malandro, gosta de apanhar
(x) Uma mulher psicologicamente abalada

Esta participante se sente depende dele, chorou com sua saída, e mesmo nos momentos de crise voltava correndo para seus braços. Não sei se é tudo armação, mas isso, infelizmente, ocorre muito na vida real. Quem nunca ouviu falar de alguma mulher presa num relacionamento abusivo? Alias, quem nunca viveu um relacionamento abusivo? Não estou falando apenas de agressão física e sim de momentos difíceis que nunca acabam, aquela necessidade de estar com a pessoa mesmo sabendo que ela te faz mal, aquela culpa que carregamos e só percebemos com o passar do tempo... Isso acontece demais!

Muitas mulheres apanham de seus companheiros e no dia seguinte voltam correndo para seus braços. Isso é ruim? Muito!! Mas nós devemos ampará-las porque mulheres nessas situações demonstram um forte abalo interior, além da baixíssima auto estima. Isto também pode acontecer com homens e, independentemente do gênero, devemos estender a mão para ajudar quem precisa.

Parem de usar a expressão: "Mulher de malandro" ou de dizer que uma mulher "gosta de apanhar" porque ninguém gosta de ser mal tratado. A verdade que as crises nos relacionamentos e na ética tem proporcionado desgaste mental a muitas pessoas, fazendo-as se afundar em relacionamentos fadados ao fracasso, ao invés de curtir suas próprias companhias. Isso não é papo de tiazona, é uma realidade cruel no mundo capitalista que vivemos 😞

A religião também colabora para que mais e mais mulheres se prendam a maridos que apenas a usam como objetos sexuais e empregadas domésticas. Quantas vezes somos incentivadas a manter um relacionamento péssimo apenas por pressão social/ religiosa? Em muitas culturas somos levadas a acreditar que fora de um casamento não somos nada. A religião e o capitalismo sempre andaram de mãos dadas a fim de desmerecer a liberdade sexual da mulher, além de criar atmosferas nocivas àquelas que decidem seguir fora da reta.

Outras pessoas ainda dizem que mulheres que apanham procuram outros parceiros com o mesmo comportamento violento. Bem, isto pode ocorrer, mas por uma junção de fatores que culminaram na primeira união. Estes homens podem ser sedutores e manipular com suas palavras de um jeito que nos fazem questionar até se a grama é verdade. Nunca duvidem da capacidade de um homem de reverter situações para se isentar de culpa. Só quem já passou por isso sabe como é. Faça sua parte, já existem muitos pra julgar, seja a diferença.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

O Mundo não Linear

Dia destes voltei a estudar na faculdade e muita coisa mudou pra mim. Alguns sabem que iniciei a graduação em História numa faculdade convencional durante o ano passado e cada dia que passa me apaixono mais pelo curso. Por motivos trabalhistas tive que mudar de instituição e estou fazendo faculdade a distância. Ainda estou me acostumando, vamos ver no que dá. Ainda amo a História mais que tudo nesse mundo 💛

Antes do curso eu tinha acesso a um conteúdo militante de esquerda e me encantava cada dia mais por esse universo. Não me via como uma pessoa radical, mas talvez eu estivesse sendo sem perceber. Daí decidi estudar para, ao menos, ter mais convicção no que falo. Isso me trouxe uma certa insegurança e um medo de perder a naturalidade, me encher de academicismo, enfim... Mas ainda sim decidi ir em frente e ter mais cautela, porque não quero deixar registrado coisas mal feitas, sem fontes, sem segurança.

Quando criei esse blog eu tinha em mente levar para pessoas conteúdo, cultura e militância de Esquerda. Ainda é um propósito na minha vida atingir o máximo de pessoas possíveis, mas ainda que isso não ocorra, viver num mundo com menos desigualdades já me fará mais feliz. História, Literatura, Filosofia... Todo universo das ciências humanas com quem gosta de conversar é minha meta para este blog também. Se você curte, chega mais!!

A questão é que: Se eu amo as ciências Humanas, por que exigir uma atitude radical e exata? Estava sendo incoerente. Eu me posicionei contra os "isentões" durante muito tempo e ainda tenho uma certa aversão com quem não se posiciona (o famoso: não sou de direita nem de esquerda). Mas pensando racionalmente, estas pessoas que estão certas. Reparem só como nós nos portamos ao estar perto de pessoas contrárias a nossas ideologias mas que temos apreço: nos portamos como isentões. A vontade de estar perto daquela pessoa querida + a educação que papai e mamãe nos deu nos faz agir como isentões e não há mal nenhum nisto, não se culpe. É bem melhor ser assim que enfiar algo goela abaixo, afastando as pessoas.

Não podemos apoiar uma ideologia em 100% de sua natureza sem questioná-la, isso é burrice. Sempre questione e tente não ser radical, estou praticando isto como exercício diariamente. Enfim, espero que esta postagem deixe claro os objetivos do Blog, quero que saibam que, embora eu apoie a Esquerda, questiono suas ideias e convido a todos para fazer o mesmo.

Um ponto importante a se destacar é a vivência: não que ela seja tudo numa discussão, mas tem um peso imenso. Estudando sobre conflitos israelenses, por exemplo, a gente tem uma visão bem dura e concreta sobre o movimento sionista. Mas ao visitar a Palestina e outros locais no oriente médio chegamos a conclusão que nem tudo é como parece. Primeiramente: a mídia mente. Segundo: Nunca sabemos ao certo como é a vida de alguém, só a pessoa sabe exatamente o que se passa. Muito provavelmente se um dia você for a Israel, escutará versões justas dos dois lados.

Não estou defendendo o Estado de Israel mas apenas exemplificando como o mundo é não linear. Não existem santos. A faculdade de História me surpreende cada dia mais ao me ensinar como estudar e como questionar o mundo de uma maneira mais livre. Recomendo a todos!!

sábado, 1 de abril de 2017

O que é ser de Esquerda? Síndrome do Novo Convertido

Ser de Esquerda é um estilo de vida, é uma filosofia, quase uma religião.

Qual a diferença entre direita e esquerda
Nas postagens anteriores eu compartilhei por aqui porquê me identifico politicamente com o viés esquerdista e também contei uma experiência pessoal. Infelizmente nós quase sempre visualizamos o mal só quando ele ocorre com a gente. Eu demorei a enxergar a vida e o mercado de trabalho como ele é, precisei passar por uma experiência ruim pra me dar conta disto. Talvez pra você ser de esquerda não faça sentido, mas não precisa fazer, hoje eu não me importo mais com isso. Mas já me importei muito.

Existe uma situação que chamo de "síndrome do novo convertido" e é algo que sempre critiquei, mas acabei pagando a língua. Minha mãe sempre dizia que "Os evangélicos que frequentavam a igreja desde pequenos não são um problema, o problema são os que se converteram depois de adultos". Eu não entendia esta frase na época mas hoje tudo faz sentido.

Eu desmerecia pessoas religiosas que no passado "pecaram" e hoje em dia se converteram. Não me importo com a submissão de alguém a uma nova religião mas me incomodava bastante quando estas pessoas queriam me converter também. De fato, isto ainda me incomoda: Detesto gente que quer empurrar sua religião goela abaixo dos outros. Mas hoje em dia tenho um pouco mais compreensão e paciência.

Quando me descobri comunista e feminista eu pensava: Como alguém pode ser contra esta ideologia? Em minha cabeça parecia algo tão perfeito que era inadmissível outra filosofia. Eu ficava revoltada com as críticas e quando alguém negava essa política. Ficava pra morrer com mulheres negando o feminismo, com pessoas pobres negando a esquerda e com a desinformação acerca de políticas comunistas. Mas então comecei a enxergar na vida política muitas semelhanças com a religião: isso abriu muito minha mente.

Ainda gostaria que o mundo fosse feminista, ainda gostaria de uma revolução comunista no Brasil, mas entendo o quanto é chato empurrar esses ideais para alguém.

Peço desculpas a quem ofendi no passado, estou dia a dia tentando me policiar e extrair de bom tudo que puder, seja de quem for. Quando perdemos a capacidade de enxergar nossos próprios erros é porque entramos em estado de alienação.

Sei que a Esquerda é frequentemente alvo de críticas mas uso este espaço deste blog pra expôr o que penso e o que sei sobre o assunto. Não existe modelo social perfeito, não existe modelo econômico perfeito e não existe filosofia de vida perfeita em prática, mas vivo de um jeito que tento ser o melhor que posso pra minha sociedade e pra mim mesma. Foi na Esquerda que encontrei respostas para muitos dilemas, aprendi o sentido verdadeiro dos estudos na nossa vida, aprendi amar as ciências humanas e também a me colocar no lugar dos outros.

Se sua religião/ crença/ filosofia de vida ou viés político faz isto por você, saiba que tens meu apoio. Não há sentimento maior no coração de um revolucionário que o amor 💖