quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

5 conceitos importantes para o estudo da História

Existem alguns conceitos muito importantes pra quem estuda História, na universidade ou na escola, que fazem toda a diferença na hora do aprendizado, tornando mais clara certas questões. Até as pessoas que estudam História por conta própria precisam entender estas máximas pra não incorrerem em erros catastróficos. Confiram abaixo os conceitos mais importantes pra se estudar História:

  • Somos guiados pelo calendário CRISTÃO: Parece óbvia tal afirmação mas a gente está tão acostumado a ver o tempo por este calendário que até esquecemos que existem outros ao redor do mundo; ou seja, existem outros métodos de contar o tempo. As estações do ano costumam permear a maioria das contagens ao redor do mundo mas, atualmente, na sociedade ocidental, o suposto nascimento de Jesus tornou-se parâmetro de contagem (juntamente com as estações). Sendo assim o tempo é construído socialmente, é uma "invenção" baseada na natureza e/ou grandes acontecimentos, nunca se esqueçam disto;
Como tornar o estudo da História mais técnico
  • Em guerras, não existem perdedores ou vencedores: Quem estuda História sabe que, por mais que em determinadas guerras lados opositores tenham alcançado objetivos, não há perdedores nem vencedores plenos, no sentido literal da palavra. Um exemplo disto é a Guerra dos Cem anos, entre os Franceses e os Ingleses, onde, supostamente, há uma vitória da França mas, ao mesmo tempo, esta encontrou-se extremamente destruída e com sua principal heroína (Joana D'arc) morta numa fogueira. A Guerra Fria também é outro ótimo exemplo onde os eixos comunistas e capitalistas decidiram não se atacar diretamente, mas influenciar ideias ao redor do mundo. Mesmo que na década de 1980 tenha ocorrido a dissolução da URSS, até hoje, os ideias comunistas são semeados mundo afora;
  • Linhas do tempo só existem pra ajudar didaticamente/ Não existem mudanças bruscas: A maioria dos grandes acontecimentos históricos não ocorreram do dia para a noite, foram processos influenciados por diversos fatores que ocorreram aos poucos. Dessa maneira, não pode-se usar daquela famosa linha do tempo (Pré-história - Idade Antiga - Idade Média - Idade Moderna - Idade Contemporânea) para imputar veracidade em certos momentos históricos. A transição da Antiguidade para a Idade Média, por exemplo, é marcada pela Queda do Império Romano, mas deve-se entender que isto não ocorreu somente no ano de 476 e sim que foi um processo ao longo do tempo;
  • Não existe maniqueísmo: É comum na escola aprendermos que certos atos foram bons ou ruins, mas, na verdade, sempre há dois olhares sobre um mesmo fato. Essa divisão entre bom ou mau, certo ou errado, é uma coisa a ser evitada no estudo da História pois pode incorrer em pré-julgamentos (preconceito) e erros acadêmicos;
  • A História sempre muda: Os acontecimentos históricos não mudam, o Holocausto não deixou de acontecer, por exemplo, mas os métodos de ensino e a abordagem sobre estes temas sempre mudam. Além disto, a Arqueologia está aí para mais descobertas e mais conhecimento para nós Historiadores, então, a História não é algo estático e imutável, entender isto é fundamental para o trabalho do pesquisador, que sempre quer ir além.

Enfim, espero que tenham gostado da postagem e compartilhem com quem achar interessante.

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quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Existe racismo/ preconceito nos EUA?

Quando comecei a escrever em blogs, por volta de 2011, eu gostava de postar sobre diversas coisas, sempre amei escrever e amo até hoje. Uma coisa pouco explorada aqui e que eu gosto muito é o mundo da beleza e da estética, ainda sinto vontade de cursar algo nessa área, já bloguei muito sobre isto, mas depois falo deste assunto.

Em 2013 fiz outro Blog pra compartilhar minha experiência de intercâmbio como Au pair nos EUA e me deparei muito sobre estes questionamentos: o preconceito. Eu era uma jovem fissurada pela cultura norte-americana e, na verdade, até hoje gosto de muitas coisas, mas isso mudou um pouco, depois explico melhor. Nessa época eu só enxergava coisas positivas na vivência estadunidense e o desgosto com as oportunidades de trabalho no meu próprio país agravavam isso. Enfim, eu queria tentar a vida nos "states".

Isso veio cedo: desde meus 15 anos eu era louca pra fazer intercâmbio e insisti para meus pais me matricularem num curso de inglês: eu era determinada a sair do Brasil, mas não sabia como. Aos 20 e poucos anos vi a oportunidade de ser Au pair e com 25 embarquei. Era comum algumas pessoas falarem mal da minha decisão por não entenderem ou simplesmente por inveja, algumas pareciam ficar torcendo pra dar errado, não foi um mar de rosas a aceitação.

Em alguns momentos elas me questionavam sobre o "preconceito" que o latino sofre nos Estados Unidos mas isto não me preocupava. Chegando lá pude conferir com meus próprios olhos como as coisas funcionam e vou compartilhar aqui com vocês.

Primeiramente a gente não pode determinar o comportamento inteiro de uma nação pois as pessoas são diferentes e no caso dos EUA, isso é mais forte ainda, já que existem mais estrangeiros que nativos americanos residindo por lá. Se no Brasil há uma polaridade imensa de idéias, imagina por lá.

Um país cuja taxa de imigrantes é maior que que a de nativos, é de se supor que não seja preconceituoso, certo? Não exatamente. Na época que morei por lá, se alguém me questionasse esse fato, eu diria que não, os Estados Unidos não é um país preconceituoso, afinal, usava de parâmetro meu próprio país e minhas experiências de vida. Já postei no antigo Blog sobre isto num texto sobre "Curiosidades sobre Morar nos EUA" e isto aconteceu em 2013, quando morei nos EUA e minha consciência política era zero: eu não me interessava por esse assunto.

Hoje, estudando mais Ciências políticas, História, Sociologia, etc, minha opinião mudou: Os Estados Unidos é um país preconceituoso sim, mas seus habitantes não. Explico: Os Estados Unidos é o berço do Capitalismo e não existe Capitalismo sem opressão. Nesse sistema econômico onde, supostamente, sobe na vida quem se esforça mais, não há espaço para todos que se esforçam. A criação de estereótipos negativos sobre as pessoas se faz então necessária para sua exclusão e funcionamento do capital: a origem de todos os preconceitos.

Além disto, o norte-americano "raiz" é conservador, intolerante e tenta disseminar sua cultura sobre pretexto de "democratização": assim é o governo norte-americano, IMPERIALISTA. Basta ver as atitudes do governo no Oriente Médio, por exemplo, e tirar suas próprias conclusões.

Com isto podemos afirmar: O Governo norte-americano e o sistema capitalista são preconceituosos, excludentes e imperialistas, contudo, não podemos julgar todos os residentes daquele país desta maneira. Quando morei nos EUA fui muito bem tratada por diversos nativos, mas também passei por situações difíceis nas mãos de outras pessoas: nada diferente do que poderia acontecer aqui no Brasil.

Um fenômeno comum e alvo de protestos nos EUA é a ação policial racista, principalmente nos "downtows" (centros das grandes cidades), algo que infelizmente também acontece no Brasil e só confirma a tese de racismo estrutural, ou seja, do racismo estar nas bases de organização governamental do próprio país.

Enfim... este é um pouco de como vejo o racismo norte-americano e um texto pra me retratar sobre as afirmações que fiz no passado (e fui questionada por uma seguidora). Atualmente existem movimentos de empoderamento negro, feminino, dentre tantos outros, o que só mostra que a necessidade fez isto ocorrer. Um abraço, Thainá.

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

História Antiga Oriental - parte 2

Veja a primeira parte aqui!

Nesta segunda parte dos estudos sobre História Antiga Oriental veremos o desenvolvimento da Sociedade Egípcia ao longo do tempo e sua grande influência em diversas culturas ao redor do mundo.

O Egito não se desenvolveu apenas pela sua geografia favorável decorrente do Rio Nilo, também se desenvolveu por ação humana e existem lendas até sobre interferência alienígena. As pirâmides foram construídas não somente com utilidades funerárias (que eram seus objetivos principais), também serviram para marcar dinastias e deixar para a posteridade como símbolo de poder. 

Ptolomeu, general macedônio de Alexandre o Grande, foi um faraó egípcio de grande importância na História. Você já ouviu falar de Tutancâmon? Tutancâmon foi uma múmia intacta encontrada que possibilitou entender os funerais e rituais egípcios como um todo, tendo assim seu nome gravado na história do Antigo Egito. O entendimento dos rituais funerários nos permitiu compreender a dinâmica política daquela época, como as questões relativas a maldições para evitar saques por exemplo, dentre outras tradições e costumes egípcios.

Filme "O Escorpião Rei", 2002
Em torno de 3000 a.C. surge a figura de Menés, sua representação nos hieróglifos é de um escorpião, daí a figura do “Escorpião Rei”. Sua representação é mítica pois une o alto e baixo Egito.

O Faraó como administrador controlava uma série de terras comuns, nelas haviam os trabalhadores egípcios e também os escravizados. No antigo Egito tudo girava em torno da figura do Faraó, que era visto como um deus vivo. Havia também a responsabilidade das grandes construções e quem ficava à frente deste trabalhos era o “Vizir”, construtor e auxiliar direto do Monarca. No governo de Djoser, o segundo (ou o primeiro) faraó da Terceira Dinastia do Império Antigo, reinou durante quase duas décadas e o Egito ganhou de fato sua estrutura Faraônica. Nesse sistema era presente a imobilidade social, a servidão coletiva e hereditariedade das funções (apesar desta última não ser tão rígida).

Sobre a Cultura e Religiosidade no Egito Antigo temos o primeiro período intermediário, onde ocorre a transformação do poder para figura do Faraó. Para o Médio Império a figura faraônica passa a ser sagrada, assim se isolando das questões mundanas.

Os Poderes locais e a Aristocracia passa a ter uma força singular na estrutura social: o próprio Faraó é fruto de uma representação mítica de uma batalha, que seria a reprodução de Maat, a reprodução da terra perante os deuse, sendo a própria casa da coroa de Hórus. Na mitologia consiste o seguinte: Atum, o princípio criador, “cuspiu” e de seu cuspe originou-se o casal de gêmeos Shu e Tefnut. Estes se reproduziram dando origem à Nut (céus) e a Geb (Terra) que eram interligados. Contudo, Atum ordenou que fossem separados proibindo-lhes qualquer união sexual. Geb e Nut desobedeceram esta ordem e Nut, os céus, engravidou de quatro gêmeos: Osíris, Isis, Seth e Néftis. Osíris (lua) casou-se com Ísis e tornou-se rei da Terra, ou seja, o primeiro faraó do Egito, eis que Ísis era herdeira legítima do trono.

Seth casou-se com Néftis mas como era estéril não tiveram filhos. A inveja dele para com Osíris o faz matá-lo e esquartejá-lo em 14 pedaços (1 para cada noite de lua minguante) e espalhou por todo Egito. Ísis procurou juntar os pedaços esquartejados para tentar ressuscitar o seu amado, mas de sua busca ainda faltava o “falo” (pênis). Nada deu resultado, Osíris continuava moto e Isis, num momento de tristeza, transformou-se num Falcão. Ao se transformar ela pousou no local do falo faltante e o fez surgir, com magia: assim foi concebido seu filho Hórus, que significa a união da vida e da Morte.

Seu tio Seth também tentou matá-lo mas Ísis o escondeu quando nasceu. Quando Hórus cresceu ele desafiou o seu tio e numa das batalhas Seth arrancou seu olho, lançando no oceano Celestial. De acordo com a mitologia egípcia nunca houve um vencedor entre eles. Foi decidido que Hórus deveria reinar sobre o Egito e Seth sobre deserto.

Existe também o mito/ texto na Estela da Fome que o Faraó DJoser estava muito triste e que este foi um período difícil e compreensão histórica por conta dos muitos caracteres místicos. De acordo com o texto, Djoser mantinha-se em seu palácio com sentimentos de profunda tristeza. O Egito era assolado por uma seca que já durava anos, o Nilo não transbordava, conseqüentemente, não depositava o lodo que fertilizava as terras para a prática agrícola e a população passava fome.

O Ritual de Mumificação no Antigo Egito usava de uma técnica para preservar os corpos após o óbito que não era acessível aos pobres. Desse modo só temos registros de pessoas influentes no reino faraônico, pessoas ricas, familiares do Faraó. Havia também a figura da “mentepsicose”, que era a crença de que a alma voltaria para o corpo do falecido após a morte.

O Zoomorfismo era a crença de que haviam deuses cuja aparência manifestava-se metade homem, metade animal. Este é um elemento mítico muito presente na mitologia egípcia. Já o Antropomorfismo era a representação divina com aspecto humano. O politeísmo teve origem nos Nomos e sua unificação, deste modo a maior parte do tempo o Egito Antigo cultou diversos deuses, renegando o monoteísmo.

Os elementos míticos das religiões egípcias abrangeram uma riqueza de detalhes sem igual. A ideia de um Tribunal de Osíris permeava o ritual de mumificação e todas as questões voltadas à morte nesse tempo. Os antigos egípcios acreditavam na vida após a morte. Para eles, após a morte física a alma passava pelo Tribunal de Osíris onde o indivíduo seria julgado pelas suas ações. O morto tinha que provar para os deuses que tinha tido uma conduta guiada pelos princípios morais da época. Até hoje podemos sentir esta influência quando usamos da expressão “Juízo Final”, por exemplo, ao nos referirmos a um suposto julgamento de almas com o advento da morte.

Falando de Política, temos a Co-regência como modelo de sucessão. Era comum entender a escolha do Faraó como política e religiosa, era algo que envolvia muitos poderes. Àquele que conseguia atingir uma sociedade pacífica era considerado o descendente legítimo de Hórus, obtendo grande influencia diante da população.

Ainda falando de política, os Nomos, regiões de domínio ao longo do Rio Nilo não desapareceram em momento algum nem estabeleceram exércitos pra definir suas fronteiras. Também temos as figuras do Vizir e do Sacerdote que exerciam papéis importantes na administração pública do Antigo Egito. Os poderes futuros denominados "tardios" são de um Novo Egito cada vez mais ligado ao Mar Mediterrâneo, às dominações Gregas e ao Império Romano.

No Primeiro Período Intermediário rolaram disputas políticas e a existência dos Nomos marcam a região, afastando-se de uma centralização. O Médio Império é considerado frágil pois tornou-se alvo de invasões, sendo a mais grave orquestrada pelos Hicsos. A História contada pelos egípcios não reconhece nenhum faraó nesta época justamente por causa deste domínio. Fator que facilitou o ocorrido foi a falta de associação militar na época.

O Segundo Período Intermediário é considerado obscuro pela História, uma vez que muitos dos seus registros foram destruídos no Novo Império. Neste período, a figura do Faraó foi reinventada como "Guerreiro", graças a nova organização desempenhada pelos grupos de egípcios revoltosos.

Tutmés III foi o consolidador e para garantir o apoio dos nomos utiliza-se do prestígio da rainha Hatshepsut. O nome do faraó era uma escolha política, sempre mudado ao assumir o poder e no Novo Império o nome mais famoso é o de Ramsés; os sucessores buscaram seu prestígio e a recorrência será perceptível. Ele tornou-se famoso por conduzir os egípcios na Batalha de Kadesh e por ser, provavelmente, os dos protagonistas do Êxodo. Era de origem nobre pois seu avô já havia sido general das dinastias que fundaram o Novo Império.

De 1070 à 715 a.C. ocorreu o Terceiro Período Intermediário acabando no que chamamos de "Baixa Época" até 332 a.C., com a conquista de Alexandre, O Grande. Desde aí o Egito não conseguiu mais conhecer seu antigo poder (apesar dele não ter desaparecido por completo).

domingo, 24 de dezembro de 2017

História Antiga Oriental - parte 1

Neste último semestre pude estudar um pouco sobre História Antiga Oriental e nesta postagem objetivo compartilhar os assuntos mais comuns neste campo historiográfico.

Estudar História Antiga Oriental é basicamente entender as origens da civilização e do Estado, o conceito de Oriente como algo ideológico (e não meramente geográfico) e conhecer um pouco da cultura, política e acontecimentos dos povos antigos, como egípcios, persas, sumérios, etc.

A cerca de 10.000 anos vários grupos ao redor do mundo iniciaram o cultivo: primeiro de algumas gramíneas, em seguida ocorreu a domesticação de alguns animais e esse esforço inicial da agricultura e pecuária permitiu o assentamento do homem, por períodos maiores, acabando aos poucos com o nomadismo (que até hoje não desapareceu por completo, mas diminuiu bastante).

A definição de pré-história e as críticas a esse termo derivam do fato de que havia uma "história" sim, anterior a criação da escrita, só não havia documentos oficiais pra comprovação de acontecimentos, o que não quer dizer que o homem não vivesse em conformidade com o que entendemos por civilização como nos dias atuais, por exemplo. A sedentarização criou a hierarquização da social e o período paleolítico é marcado pelo nomadismo, já o neolítico pelo início do sedentarismo.

Mesopotâmia


Na antiguidade o tempo era regulado de maneira muito direta com o clima (estações do ano). Cerca de 8 mil e 4 mil a.C. desenvolveram-se as primeiras cidades é o momento da Fundição do Bronze, da tecnologia de diques e barragens, de grandes construções, como pirâmides por exemplo, etc.

O interesse pela região mesopotâmica teve seu auge de estudos no século XVIII e XIX pois o cristianismo estava em alta buscando suas raízes através de achados no Oriente Médio, desse modo, estudiosos da época voltaram suas atenções para a região entre os rios Tigre e Eufrates. O período mesopotâmico guarda uma problemática a respeito das fontes históricas primárias pois estas foram criadas exatamente no seu tempo (daí surge a importância da arqueologia como interdisciplinariedade).

A Mesopotâmia atualmente corresponde a região do Iraque, Turquia e Síria: não foi um reino, um país ou estado, foi apenas uma região demarcada por uma cultura similar entre seus povos e detalhes geográficos importantes. Os Sumérios foram o primeiro povo a desenvolver uma escrita: construíram cidades estados independentes, eram hábeis construtores e arquitetos, e sua importância histórica deve-se ao fato do pioneirismo na criação da escrita (de acordo com registros históricos).

Na Cultura Mesopotâmica a relação do “dilúvio” e da sedentarização é algo muito forte pois era comum as cheias dos rios que podiam beneficiar ou não determinadas regiões, isto era de suma importância no desenvolvimento das primeiras cidades.

Num primeiro momento há os grupos indo-europeus chegaram pelo Norte para a Anatólia (atual Turquia) e em torno desse grupo é que se entende a organização dos Sumérios. Um outro grupo mais organizado em sentido de combate foram os Arameus, mas ainda não havia uma unidade cultural.

Nesse contexto podemos também observar que ao sul houve um momento de governo babilônico pouco organizado, de 3.000 a 2.300 a.C., seguido por um período de dominação de um grupo que ocupava o centro sul, os Acádios. O domínio destes é marcado pela arqueologia de 2350 a 2000 antes de Cristo Até o retorno de uma nova sequência de domínio dos babilônios.

Os Amoritas são considerados os primeiros a manterem a dinastia na região mesopotâmica: seriam, supostamente, a base do primeiro reino da Babilônia, estabelecidos mais ao sul. Desse modo foram criadas uma série de áreas de dominação das regiões sumérias.

A região Norte Mesopotâmica demorou um pouco mais a se organizar politicamente: uma das suas principais cidades, Assur, surge como local comercial e pagava tributo aos Acádios.

Quando Assur deixa de ser uma cidade e passa a ser o império Assírio? A grande maioria das plaquetas davam traços da organização comercial de Assur quando ocorreu uma crise no comércio de tecidos e surgiu o comércio de armas. A expansão militar transformou toda essa região em um dos maiores poderios militares dentro da Mesopotâmia.

A principal vitória dos Assírios foi no domínio dos Acádios, que isolou a Babilónia e transformou-a na ideia de dois grandes poderes na região. A organização do poder das cidades assírias terão como pilar o reconhecimento de uma hierarquia: um dos principais feitos de Chamsi Addu foi construir um templo para o Deus Assur. O Império Assírio, com a dinastia de Sargão conseguiu uma das coisas mais raras nesse espaço: dominação ampla do espaço mesopotâmico. Ciro Flamarion Cardoso denomina o “modo de produção asiático”, que pressupõe ciclos de trabalhos compulsórios e escravidão para os perdedores. No Modo de Produção Asiático as terras comuns são administradas pelo governo e delas o que se retira vira bem estatal. As terras livres eram aqueles que se cultivavam para subsistência independente.

Nabuco Donosor pode ser considerado o sucessor político de Hamurabi na Babilônia. Durante a expansão de Sargão tem-se o domínio definitivo dos Assírios na região da Babilônia e Sargão é o primeiro a ser tratado pela historiografia como um Imperador que exercia um domínio não territorial, mas mais por reconhecimento.

Continua...

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Como é a Faculdade de História? Devo cursar História?

Se você está se questionando sobre cursar ou não História no Ensino Superior, esta postagem é pra você.

Algumas coisas são primordiais para um aluno de História:

  • A curiosidade natural sobre tudo e todos de forma genuína (não por maldade ou fofoca): Quando eu era mais jovem eu ficava me perguntando como e porquê homens e mulheres produzem certos tipos de comportamento. Busquei a resposta na Biologia (sim, cheguei a fazer vestibular pra este curso que considero encantador) mas nunca cheguei a grandes conclusões. A História me respondeu;
  • A paixão pela leitura (ou pelo menos não "detestar" ler). O curso tem uma carga  literária MUITO pesada, você lê o tempo todo, textos e livros enormes, mas para quem gosta do saber, não é sacrificante (pelo menos pra mim não é). Já vi depoimentos de pessoas que não gostam tanto de ler mas gostaram da faculdade, então, varia de pessoa pra pessoa, mas é importante saber desde o início que tem muitas coisas a serem lidas;
  • O não conformismo diante de convenções sociais e o questionamento sobre tudo que nos é imposto socialmente. Vivemos numa sociedade com regras ditadas sem sentido ou anacrônicas (não adaptadas a nosso tempo) e ser uma pessoa que desconstrua-as é primordial no curso de História. Não trata-se de ser um rebelde que passa por cima de tudo, é ter a curiosidade natural (item mencionado acima) pra entender que certas regras só nos são impostas pra obedecer interesses maiores (nem sempre relevantes);
  • Buscar meios alternativos de estudos: se você tem intimidade com redes sociais você pode se considerar um privilegiado pois isto te põe a frente de outros alunos. Acontece que o conhecimento histórico não é exclusivo dos livros, ele pode chegar até nós de diversas maneiras: por redes sociais, por documentos, por vídeos, por programas de TV, etc. Procure inserir isto no seu dia a dia (Ex: Hoje vou assistir um filme épico e traçar um paralelo com o "real") e ficará bem mais fácil de aprender História;
  • Goste de Escrever: Tenho este blog não é a toa. Se é importante que você goste de ler, mais importante ainda é gostar de escrever pois é assim que fixa-se o conhecimento. Isto fará muita diferença no seu trabalho de conclusão de curso;
  • Seja humilde: O sentimento de superioridade contido em alguns estudantes atrapalham a vida acadêmica mas no curso de História isto pode ser mais destrutivo pois não é possível que uma pessoa se torne um bom profissional Historiador achando que certos momentos históricos são melhores ou piores que outros. Em outras palavras, estes "malas" que ficam dizendo que "tudo antigamente era melhor", ou "no meu tempo não tinha destas coisas", estão condenados ao fracasso na faculdade;
  • Compromisso de aprender: Uma vez li que uma das resoluções pro Ano Novo em nossas vidas deveria ser se comprometer a aprender uma coisa nova a cada dia. Não existe curso mais perfeito do que História pra quem leva esta máxima como filosofia de vida;

Se você tem todos estes requisitos (ou pelo menos a maioria) e adora História, se jogue de cabeça neste curso maravilhoso que me faz ser uma pessoa melhor a cada dia 💝 O que você aprende na escola não é nem 1% do que a faculdade te proporciona, é muito diferente estudar na escola e na universidade.

Não se esqueça: Existem vários fatores a se considerar antes de se matricular numa faculdade de História, mas o principal sentimento que assola todos os alunos, professores e historiadores é a incrível vontade de mudar o mundo  #AmoHistória #HistóriaÉMinhaCachaça

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

História do Brasil Colonial - parte 1

Nesse vídeo-aula conto um pouco sobre o "Descobrimento do Brasil", ou, mais corretamente falando: colonização portuguesa. Confiram abaixo:


Espero que tenham gostado do resumo do vídeo e acompanhem abaixo alguns detalhes por escrito:


Neste contexto de entendermos a História do Brasil Colônia é importante desconstruirmos o termo “descobrimento”, muitas vezes utilizado nas aulas de História por aí e propagado pela grande mídia. O Brasil como nação que entendemos nos dias de hoje não foi “descoberto” e sim colonizado (ou invadido) por portugueses; já haviam habitantes em nossas terras com sua cultura e política enraizada, assim, o termo descobrimento carrega consigo um tom eurocêntrico e preconceituoso: devemos evitar.

Mas primeiramente vamos entender um pouco da história de Portugal: quais motivos levaram Portugal às grandes navegações?

  • Desenvolvimento da burguesia e da indústria Náutica;
  • Boa localização geográfica;
  • O espírito Aventureiro português;
  • A vontade de evangelizar por parte da igreja católica
  • A aparecimento da monarquia absolutista, marcante no antigo regime
  • O mercantilismo e busca por novas riquezas

Portugal, desde o século XI, quando foi governado pela dinastia dos Borgonha, já apresentava uma estrutura política relativamente centralizada, comparado ao resto da Europa (que ainda era feudal). Isto ficou bem explícito na transição da Idade Média para Idade Moderna, cujo aspecto principal é a concentração de poder nas mãos de um monarca

A carta de Pero Vaz de Caminha, neste contexto, é considerada o primeiro documento oficial do Brasil: nela foi exposto o ocorrido (a chegada de Pedro Álvares Cabral à costa brasileira) mas também os hábitos indígenas e a riqueza da nossa flora e fauna. Essa riqueza de detalhes espantou os Europeus com seus hábitos tão distintos dos brasileiros, mas também atraiu muitos deles.

História do Brasil Colonia - Descobrimento do BrasilExiste uma problemática a respeito do primeiro contato de Cabral com o Brasil. Questiona-se se este contato foi intencional ou não, mas a academia indica que não, que foi algo casual, eis que supostamente ele estava em busca da Costa Indiana. A princípio em Portugal não tinha tanto interesse no Brasil pois estava de olho no comércio de especiarias com o Oriente mas o tempo mostrou que esta Terra era fértil e podia gerar lucro para a coroa Lusitana.

Os europeus, mesmo com medos e receios, lançaram-se as expedições e Portugal foi pioneiro neste sentido. Um dos fatores que impulsionaram o pioneirismo português foi a busca por novos mercados pela burguesia Lusitana no cenário Mercantil da época. Em 1532 Martim Afonso de Souza organizou a Expedição para reconhecimento da Costa Litorânea do território brasileiro e ocupou-a para desenvolver experiências agrícolas.

Custou-se a "organizarem" a História do Brasil como vimos hoje em dia: vários intelectuais tentaram definir um meio oficial dessa história mas somente em 1937 Roberto Simonsen elaborou um modelo explicativo para demonstrar a economia colonial brasileira baseado no conceito de ciclo econômico. O autor defendia que os principais ciclos foram o pau-brasil (com mão de obra indígena escravizada), o açúcar (mão de obra escrava africana e foco na propriedade rural) e a mineração (que também era escravista). Por isso é tão comum ouvirmos esses assuntos nas aulas de História.

Ainda falando da Economia, a colonização no Brasil obedecia a uma regra de exclusividade para com a Metrópole (Portugal). Caio Prado Jr. em sua obra sobre a economia do Brasil Colônia afirma que havia falta de autonomia do Brasil frente à sua metrópole e que não existia um comércio interno. Já João Fragoso e Manolo Florentino destacam a importância do tráfico negreiro e da mão-de-obra escrava pois essa era desviada para outras funções quando a exportação do açúcar baixava;

O cargo de Governador Geral foi uma tentativa de centralização de poder da Coroa Portuguesa no Brasil para superar o fracasso das Capitanias Hereditárias. O cargo foi criado para controlar as Capitanias e estimular o processo de povoamento no Brasil. Os Governadores Gerais trouxeram os Jesuítas consigo para catequizar e influenciar os nativos, moldando-os aos comportamentos europeus.

Ainda que as Capitanias recebessem poderes, os Governadores estavam submetidos ao controle de Portugal. A Carta de Doação e o Foral eram os documentos que atestavam a posse de uma Capitania Hereditária.


Esta foi a primeira parte da postagem sobre "História do Brasil Colonial", assim que puder, farei a segunda parte.

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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Historiografia Brasileira - parte 2

Na postagem anterior sobre Historiografia Brasileira postei um resumo sobre a produção Historiográfica no Brasil Colônia e nos primeiros anos do Império. Agora vamos ler um pouco sobre o início do século XIX e seus principais nomes e acontecimentos.

Um nome muito presente neste contexto é Gilberto Freyre, que foi sociólogo nascido em Pernambuco e educado nos EUA. Ele opôs-se ao racismo em suas obras, considerava o mestiço um "degenerado" (no sentido positivo da palavra) e defendia a tese de que a mistura de raças imprimia a força e a riqueza cultural ao povo brasileiro. Essa visão positiva da miscigenação rendeu à Freyre críticas negativas acusando-o de "romantizar"(ou suavizar) os violentos conflitos entre portugueses e brasileiros. A formação do antropólogo incorporou em seu texto aspectos repletos de universo afetivo, da convivência e das relações sentimentais. Foi influenciado nesse sentido por seu mentor Franz Boas, com quem teve contato em sua morada no exterior;

Livro Casa Grande e Senzala, Gilberto FreyreFreyre aponta em sua obra o contato com a moral cristã realizada pelos jesuítas e como isto se tornou um dos maiores elementos destruidores da cultura nativa; Freyre também demonstra em suas obras o uso da interdisciplinariedade na construção historiográfica, ampliação do uso de documentos e fontes para coisas não tão comuns (como jornais e receitas culinárias), etc;

Outro nome importante na Historiografia Brasileira é o historiador Sérgio Buarque de Holanda. Nascido em São Paulo, sociólogo, formado em Direito e jornalista, também lecionou em universidades nacionais e internacionais. 

Foi um dos fundadores da Esquerda Democrática em 1946, do qual se originou o Partido Socialista e o Partido dos Trabalhadores; todo seu trabalho é fundamentado na teoria social Weberiana. Enquanto Weber pensa na "Ética do Trabalho presente nas religiões Protestantes" como algo determinante para a constituição dos EUA e seu sucesso diante do sistema capitalista, Sérgio Buarque de Holanda fala da ética do ócio, da influência da Antiguidade Clássica na vida do povo Ibérico e fez sérias críticas ao colonizador português, sua preguiça e desleixo em muitos momentos. Sérgio Buarque atribuía um suposto fracasso no sistema governamental brasileiro da época por conta do projeto mal elaborado português.

Raízes do Brasil, sua mais importante obra, é um marco nos estudos históricos e sociológicos brasileiros por indicar novos métodos analíticos e maneiras de compreender a evolução social no decorrer de sua história, se afastando das teorias de diferenciação entre raças; sua obra se aproxima de Ranque no que tange à busca pelo espírito do brasileiro e pela identidade nacional; também se aproxima de Weber pela tipologia dos tipos sociais que nos auxiliam a compreender a cultura e seu funcionamento cotidiano;

Diferentemente de Freyre, Sérgio Buarque quer superar a herança portuguesa, pensa que o brasileiro deva encarar em sua identidade o que há de pior para tentar melhorar e construir uma identidade nacional; criticou o Estado brasileiro no qual predomina o modelo de família patriarcal, sem a constituição de uma organização burocrática eficiente. O traço que define esse "neoportuguês" serial a noção de "homem cordial" oriundo de Portugal. Sérgio Buarque critica o paternalismo como sinônimo de "apadrinhamento", "jeitinho brasileiro".

Caio Prado Júnior foi o intelectual que mais refletiu sobre o movimento operário marxista; questionou os motivos de não ter existido no Brasil uma revolução comunista, ou até mesmo uma revolução burguesa; criticava o imperialismo internacional, foi um pensador metódico e acadêmico.

Ele construiu uma história econômica com inspiração marxista questionando quais os conceitos apropriados deveriam ser criados para analisar o processo histórico brasileiro; também problematizou a "demora" da passagem do tempo pela ausência de rupturas significativas com o passado; definiu na história do Brasil 3 fases, começando pelo povoamento; Caio Prado lançou críticas ao comportamento moral dos portugueses, que usavam das nativas e afro-brasileiras para sexo casual e defende que no Brasil não houve uma transição do feudalismo para o capitalismo, eis que a situação colonial já estava ligada à demanda mercantil;

A Influência dos Annales na Historiografia Brasileira: A Escola des Annales desenvolveu e amplificou as possibilidades oferecidas para o campo das pesquisas históricas ao romper com a tradicional compartimentação das Ciências Sociais privilegiando os métodos pluridisciplinares, sem no entanto cair em aventuras puramente transdisciplinares. A história propõe que os documentos são vestígios nas mãos do historiador, e que de fato, pode-se perceber a existência de inúmeras histórias e inúmeras temporalidades ao analisar o mesmo presente cronológico.

Antes da influência da Escola dos Annales, a história no Brasil era contada com finalidade de justificar ações do Estado. Com o surgimento de novos atores sociais no início do século XX foi necessária a busca por uma nova maneira de fazer História para captação da realidade da sociedade brasileira.

Ao longo das décadas a escola dos Annales faz com que as fontes e os documentos históricos não importem mais somente pelo que dizem, mas também por aquilo que não dizem. A produção historiográfica brasileira foi profundamente marcada, a partir dos anos 1960, por uma espécie de dialética, de interação e de oposição entre as vertentes da tradição e as vertentes da inovação. Essa dialética está presente nas tensões próprias da escrita da historiografia brasileira. Do lado da vertente da renovação estavam as contribuições da Escola dos Annales e a influência da perspectiva teórica marxista, que se combinaram, se acoplaram e ganharam espaço na produção historiográfica nacional. A vertente tradicional, porém continua sendo muito influente ainda, pois estava solidamente implantada nos terrenos institucionais e acadêmicos.

A chamada Nova História, que popularizou-se nos anos 1960 e 70, tinha como fundamento duas inspirações básicas, a escola dos Annales e o Marxismo. Daí a partir da década de 80, as articulações da historiografia brasileira vão se tornando mais complexas por meio de elaborações conceituais advindas dessas três tendências ou perspectivas historiográficas.

A produção historiográfica brasileira foi profundamente marcada, a partir dos anos 1960, por uma dialética, de interação e de oposição entre as vertentes da tradição e as vertentes da inovação. Essa dialética está presente nas tensões próprias da escrita da historiografia brasileira. A historiografia contemporânea sedimentou a distinção entre o fazer do historiador e o produto de tal fazer: o discurso histórico.

O materialismo histórico foi a metodologia básica que se destaca nas análises marxistas; esse conceito possibilitou a entrada da história no campo da ciência de forma concreta. O conceito de história oferecido pela perspectiva marxista propõe uma teoria geral de funcionamento das sociedades em seus desdobramentos históricos. Esse método de análise marxista do processo histórico tem como dinâmica a dialética.

A produção historiográfica durante o século XX conheceu uma grande efervescência teórica e metodológica, que suscitou discussão sobre a narrativa histórica, suas estratégias discursivas e a legitimidade científica da produção do conhecimento histórico. A abertura das perspectivas teóricas e temáticas ligadas ao campo da História Social e da Nova História Cultural acabou por estimular reflexões e trabalhos historiográficos em todo o mundo e também no Brasil.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Por que algumas pessoas não gostam de Estudar o Antigo Egito?

Eu sigo uma página de História no Facebook e nela são compartilhados memes com intuito educativo mas também humorístico sobre História, é claro.

A História no Paint é uma sátira aos profissionais ilustradores (no bom sentido) ao usar de montagens simples (feitas no paint, propositalmente sem capricho) pra explicar conteúdo histórico. Tornou-se um canal de comunicação de História (e outras ciências humanas) que deu certo ao se utilizar de linguagem jovem e atual, desafio que muitos educadores encontram ao longo da sua profissão. É de suma importância conhecer a linguagem do jovem e saber se colocar no lugar dele ao transmitir o conhecimento, todo professor sabe disto mas nem sempre aplicam à prática.

Por que estou dizendo isto? Esta mesma página satiriza o fato das pessoas não se interessarem tanto pelas histórias (e estórias) do Antigo Egito. Mas por que será? Até alguns seguidores se questionam...

As origens de nossa civilização puderam ser encontradas no Oriente médio, Grécia Antiga (região que não é exatamente onde encontra-se localizada a atual Grécia mas sim a costa do mar mediterrâneo) e Nordeste Africano, local onde está localizado o Egito. Toda escola que se preze abriga este conteúdo em suas aulas de História, o que incorre no perigo de tornar-se algo chato pra estudar. Até os mais negligentes alunos já ouviram falar em Rio Nilo, Mesopotâmia ou Atenas... Desse modo o conteúdo programático sobre os hábitos, cultura e política do Antigo Egito tornaram-se massantes conteúdos de decoreba, diferentemente do que ocorre nas universidades.

Até os mais negligentes alunos conseguem identificar nesta imagem o elemento egípcio

Quase todos os Universitários de História que conheço sonham em conhecer o Egito e existe até uma especialização acadêmica para os amantes dessa cultura, a Egiptologia. A história do Antigo Egito é fascinante pra quem se aprofunda e estuda por vontade própria, mas infelizmente em nossas escolas temos jovens super inexperientes academicamente (não conhecem melhores métodos de estudos), com outras "prioridades" (o "fogo" no cool habitual da idade), que são obrigados a aprender algo que não se interessam. A História do Egito Antigo é maravilhosa, até hoje vemos sua influência em nossos hábitos e na cultura ocidental como um todo.

O Egito foi uma região parcialmente isolada do resto da Europa, Ásia e África, desso modo, desenvolveu-se uma cultura única, sem grandes interferências externas, o que marcou o período e o imaginário das pessoas.

Entendam o seguinte: para um apaixonado por uma cultura, local, civilização, sempre haverão coisas interessantes pra se aprender. Egito Antigo não é minha disciplina favorita mas ainda sim adorei conhecer um pouco mais nas aulas de Antiguidade Oriental. Sempre haverá um novo aspecto ou estudo que te surpreenderá até nas disciplinas que você não curte, História é o melhor curso do mundo ⌛💗 Amo este curso e vou defendê-lo

domingo, 10 de dezembro de 2017

Livro: Dom Casmurro, Machado de Assis

Quando a gente é adolescente é bem comum o colégio nos impôr a leitura de alguns clássicos nacionais, como Iracema, Capitães da Areia, Senhora e o famosíssimo "Dom Casmurro", de Machado de Assis.

Aí você se pergunta: O jovem de 15, 16 anos, só pensa em que? Provavelmente não é na Academia Brasileira de Letras. Esta imposição é muito ruim porque tudo que é forçado é péssimo, contudo, ainda acho importante a cobrança destes títulos para a valorização de uma cultura nacional. Talvez a abordagem pudesse ser diferente pra solucionar a falta de interesse dos jovens...

Um outro problema é a maturidade emocional destes adolescentes. Hoje, aos trinta, eu leio Jorge Amado e acho incrível, com Machado de Assis a mesma coisa, mas a vida e as experiências que já passei me fazem sentir uma proximidade maior com essas estórias. Ainda que eu não tenha vivido a realidade destes contos, quanto mais velho mais chances de empatia e sensibilidade diante destes títulos.

Resumo de Dom Casmurro

Outro dia analisando uma postagem nas internê eu vi que "Dom Casmurro" é considerado, mundialmente, o livro mais importante da literatura brasileira, figura como um dos mais vendidos de todos os tempos e eu não entendia o porquê de tanto sucesso, até ler. Tenho sorte por trabalhar em escola e ter uma biblioteca cheia de clássicos disponíveis, foi lá que usei do meu tempo de almoço pra consumir essa obra e valeu muito a pena. Em apenas uma semana eu devorei este livro que conta uma estória fictícia e atemporal.

A Estória contada pelo personagem principal, Bentinho, mostra sua trajetória de vida: um menino que ao nascer foi prometido pela mãe à ser padre mas durante a adolescência se apaixonou pela sua melhor amiga, Capitolina, mais conhecida como Capitu.

O drama mostra o ponto de vista de Bentinho, a dificuldade que foi contar a mãe sua mudança de planos, como cada membro de sua família está ligado à trama e até os personagens secundários fazem diferença na estória deste livro. Bentinho é um homem um pouco tedioso e dramático e sente como se o mundo girasse a seu redor, mas não demonstra maldade. Capitu é uma moça de iniciativa e fervorosa, e esse jeito de ser conquista seu amigo.

O livro mostra um pouco do cenário histórico do início do séc XIX, onde a herança da escravidão negra ainda era muito presente e o Rio de Janeiro é palco e sinônimo de tradição religiosa mas também modernidade.

Spoiler: 

Bentinho consegue, ao longo da trama, contar a sua mãe sobre os planos de não seguir a carreira religiosa, mesmo assim vai para o seminário. Lá ele conhece seu futuro melhor amigo, Escobar, que assim como ele também não deseja ser padre. Escobar torna-se comerciante e Bentinho advogado. O livro encerra-se com Bentinho já casado com Capitu desconfiando que o fruto de sua união pode ser filho do seu melhor amigo. Babado hein... rs

Existe uma discussão sobre o fato de Capitu ter traído seu esposo Bentinho ou não. Isto nós nunca iremos saber, Machado de Assis quis isto mesmo, provocar o leitor, deixar a dúvida no ar, e nos contemplar com uma estória clássica atemporal, lida no mundo inteiro, traduzida em várias edições 🙂

Se um dia você sentir aquela dúvida, ler ou não ler, leia, porque é escrita de um jeito muito gostoso, fácil e envolvente. O livro te prende a atenção e vale a pena ser apreciado. Talvez seja chato ler nas primeiras páginas por causa da linguagem um pouco distante, mas logo você consegue compreender a trama. Dom Casmurro é um livro maravilhoso 💗

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