segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

O Grande Problema dos Youtubers "historiadores"

Existe um grande erro que é pensar na História como o simples fato de decorar acontecimentos e isto faz com o que agimos no presente tenha grande impacto no futuro. Em outras palavras, Youtubers e outros influenciadores digitais estão abraçando a História de forma errada e plantando uma ideia pior ainda. Deixa eu explicar...
Nando Moura e Ideais Radicais

Já é comum que hajam conflitos entre Jornalistas e Historiadores por um querer agir como o outro e agora Youtubers tem compartilhado vídeos com suas meras opiniões sem nenhum embasamento ou estudo somente para gerar polêmica. Quem nunca viu chamadas para vídeos ou programas de TV do tipo "O que seu professor de História nunca disse" ou "História sem as partes chatas"? Tem até livros nesse naipe (que vergonha dessas editoras)...

Estes "historiadores" (coloco aí muitas aspas pois a maioria não tem formação na área) só querem garantir entretenimento (sendo otimista e generosa) e muitos "likes" para inflar seus egos. Hoje em dia o grande mensurador de sucesso virou o número de seguidores que possuímos nas redes sociais e isto é de um vazio tão grande que até os profissionais da área de marketing sabe que números não importam: quem trabalha com redes sociais deve garantir engajamento, primeiro de tudo.

A questão é: Por que fazem isto? Os jornalistas, comunicólogos, youtubers que postam sobre sua opinião devem garantir, ao menos, uma fonte segura. Fazem isto pra influenciar, doutrinar e distorcer (no pior sentido da palavra). E de fonte segura eu falo sobre pessoas renomadas na área que deram a vida por estes estudos, mestres e doutores que dedicam a vida à pesquisa e sabem que há métodos para realiza-las. Existem historiadores (dessa vez sem aspas) de verdade que, pesquisam, entrevistam, buscam em meio a documentos oficiais, dentre outras coisas, somente para que a verdade não seja vandalizada. Para estes profissionais eu bato palma: são as verdadeiras pessoas que têm o poder de mudar o mundo.

Mas isto ainda não é o suficiente: Estudar História e viver de pesquisa na área não é somente compilar documentos: é alinha-los à um raciocínio, à uma problemática e usá-los de forma proveitosa pra sociedade, além de saber interpretá-los a luz da Teoria pois como é dito no popular: Toda História tem dois lados.

Os próprios livros tradicionais de História não são garantias 100% da realidade pois foram escrito por pessoas comuns e nessa área não existe uma coisa chamada neutralidade. Não se iluda com isto: não existe neutralidade na História (nem a Ciência é neutra) e em tudo que fazemos e agimos há interesses maiores. O que você pode tentar é buscar ao máximo o respeito para com a obra de outros profissionais e entendê-las no contexto em que foram criadas.

O grande problema de criar eventos deste tipo (A História que Nunca te contaram, O Guia Politicamente Incorreto, etc) é, além de tudo, o desrespeito para com o trabalho do professor. Parem de achar que seu professor é petista só porque ele apoiou um único ato deste partido, parem de achar que seu professor te omite fatos para que você siga-o no discurso político: A escola é um espaço de discussão e deve ser, acima de tudo, um espaço para gerar conhecimento. E quando digo "gerar" é no sentido literal da palavra pois todo estudante de História que se preze deve entender que o conhecimento não deve ser engolido sem ser mastigado. E dessa atitude que nascem novas obras, novos estudos, novas teorias.

Quando estiver diante de uma informação e achar que seu professor a omitiu, pergunte a ele, se ele for o profissional adequado que têm amor pela profissão, vai gostar demais do seu interesse. Só nunca esqueça da verdadeira essência da palavra respeito.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O que você precisa saber sobre a Idade Média? 🏰

Quando a Rede Globo anunciou a nova novela das 19h "Deus Salve o Rei", em estilo medieval, fiquei muito surpresa pois não me recordava de nenhuma novela global neste estilo. Nas redes sociais ainda questionou-se sobre a antiga "Que rei sou Eu", de 1989, mas esta última era ambientada no início da Idade Moderna, também conhecida como a época Iluminista (ou Renascença). Acredito que a Globo tenha criado esta novela para pegar carona do sucesso de Game of Thrones mas não sei ao certo, é apenas uma hipótese.

O que é Idade MédiaA Idade Média fascina a muitos graças a industria cinematográfica que a expõe como uma era de batalhas, dominações, castelos e dragões, mas a realidade é um pouco diferente. É uma época conhecida historicamente com a ideia de retrocesso, por muitas vezes chamada de "Idade das Trevas", mas isto também não é verdade: O nome "Idade Média" foi um conceito criado por iluministas no início da Idade Moderna com finalidade de desmerecer as conquistas da época e resgatar os valores clássicos da Antiguidade.

Devemos entender que a Idade Média é um período que começou com a Queda do Império Romano e com o advento das Invasões Germânicas (vulgarmente chamada de "Invasões Bárbaras"), sendo tais acontecimentos progressivos com o tempo, de forma que não ocorreram do dia pra noite.

Roma foi uma fortaleza imperialista difusora de sua cultura e dominadora de terras. Quando outros povos não-romanos começaram a se rebelar e atacar o Império, a instauração de novas crenças e estilos de vida marcaram o que chamamos de Idade Média. Visigodos, Saxões, Francos e Suevos foram apenas um desses povos conhecidos como sujos, mal educados e sem instrução, sendo, na realidade, apenas povos que não consumiam da cultura greco-romana.

Quais são as principais características deste período:

  • Descentralização do Poder: Se na Antiguidade a centralização do poder político era bem definida nas mãos de reis, faraós, imperadores, na Idade Média ocorre o contrário: Não há muito bem especificado a figura central de poder nas vilas e outros locais; o senhor feudal só aparece certo tempo depois como proprietário de um pedaço de terra, infinitamente menor, se comparado aos domínios antigos, caracterizando essa descentralização. Um dos maiores erros apontados nesta novela é justamente usarem da figura de reis, mais relevantes no chamando Antigo Regime: bola fora da Globo;
  • Ruralização e Colonato: As Batalhas decorrentes da Queda do Império Romano fizeram as pessoas migrarem para o campo novamente, para fugir da escassez de comida e das mazelas de possíveis novas batalhas. Voltou-se a plantar para sobreviver configurando a ruralização da época sendo a figura do camponês muito forte na Idade Média. Desse modo, o Colonato foi o regime de trabalho em que estes camponeses exploravam a terra para seu próprio consumo, mas também cediam a maior parte do produzido ao proprietário;
  • Cristianismo: A religião católica apostólica romana cresce na Idade Média como poderio governamental e controladora de atividades administrativas mas também do cotidiano das pessoas. Alguns livros e filmes como "O Nome da Rosa", por exemplo, mostram exatamente como funcionava o tipo de controle exercido pela Igreja na época, concentrando o saber a alcance de poucos;
  • Romanismo: Usar da cultura romana como parâmetro na criação de leis e imposição cultural foi comum na Idade Média e a Igreja Católica foi a principal responsável por isto. No entanto é importante observarmos que na História de todos os povos quase sempre há troca cultural e absorvição de hábitos de outros povos. Isso pode ser notado na mescla de comemorações pagãs que hoje são vistas como genuinamente católicas, por exemplo, nos mostrando que houve muita influência entre os romanos e os chamados "bárbaros" (ou barbaróis);

Sendo assim, na industria do entretenimento e no jornalismo muitas vezes são criados programas para prender a atenção dos expectadores, negligenciando a transmissão do conhecimento, por isto acho normal que novelas e filmes não sejam 100% fiéis à Historiografia. Contudo, deixo esta postagem pra dividir o conhecimento e quem achar relevante, sinta-se a vontade pra compartilhar. Beijos, Thainá 🙂

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Como são os Cursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV)?

No início da Faculdade de História algumas pessoas me recomendaram fazer uns cursinhos online gratuitos disponibilizados pela Fundação Getúlio Vargas que, ao obter um certificado de conclusão, eu poderia ganhar horas de atividade complementar.

O site da FGV é bem simplório e nem funciona em todos os navegadores, a oferta de cursos é razoável e está mais focada num campo específico ao invés de apresentar uma vasta variedade (em tratando-se dos cursos gratuitos, pelo menos). A maioria deles é voltada para área de Economia e Negócios, mas, se você pesquisar com calma, dá pra extrair algo, pelo menos, próximo da sua área de estudos.

Além dos cursos gratuitos online, há também cursos pagos (online e/ou presenciais), sendo estes divididos em cursos de aperfeiçoamento (voltados para a formação e o desenvolvimento de competências gerenciais estratégicas com ênfases em áreas do conhecimento específicas. Para a realização desses cursos, é compulsório já ter cursado uma graduação, segundo o próprio site da FGV) e atualização. Eu como bacharel em Direito acho fundamental cursos de atualização, afinal, a lei não é imutável e o profissional do Direito, mas do que todos, precisa sempre se atualizar.

Estes cursos de aperfeiçoamento e atualização são pagos e nada baratos (na faixa dos R$1.000,00), infelizmente, mas possuem uma carga horária grande e talvez seja um plus no seu currículo. Dinheiro em estudos não é gasto, é investimento.

Há também os cursos de graduação (na modalidade tecnólogo) e MBA's (cursos com status de mestrado que podem ser aproveitados no exterior). Mas vamos falar dos cursos online gratuitos que nos conferem horas de atividades complementares, ok? Afinal, é neles a minha experiência.

Infelizmente o curso que fiz foi MUITO chato, e olha que já estou acostumada com a modalidade de Educação à Distância (EAD). Foi o típico curso que fiquei rezando pra acabar: os textos eram extremamente massantes e olha que eu sou uma pessoa acostumada a ler muito. Para mim foi um sacrifício me concentrar nos estudos e sinceramente foi uma sorte ter passado na avaliação online.

Este curso em conferiu 5h de Carga Horária e seu tema era sobre História mas voltado para a área pedagógica. Estes cursos online gratuitos variam de 5h à 30h de carga horária, e nem quero imaginar como deve ser o conteúdo dos cursos com horas superiores ao que cursei, porque para mim foi uma profunda decepção.

Ainda quero tentar cursar outro não somente pelas horas conferidas, mas também pra "dar uma chance" e ver se outro tema possa ser mais atrativo, mas infelizmente minha primeira experiência cursando estas aulinhas online da FGV foi péssima.

Se você já cursou algum destes cursinhos online da FGV, deixa seu comentário abaixo para eu saber se sou a única ou não estou sozinha neste barco... huhaha. Um abraço, Thainá.