quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Por que o vídeo de Clarice Falcão é associado à Esquerda?

As vezes fico um pouco decepcionada de associarem certas pautas a nós da Esquerda e ultimamente o que tem sido visto é justamente o vídeo clipe da cantora Clarice Falcão, onde há nudez explícita. O mesmo aconteceu com aquela peça "Macaquinhos", onde havia sexo explícito.

Por que o vídeo de Clarice Falcão é associado à Esquerda?
Ser de Esquerda é defender um modelo econômico estatal, é defender liberdades individuais (desde que não afetem a vida de outras pessoas), é saber que numa sociedade há diferença entre as pessoas então todos devem colaborar para que elas sejam minimizadas... Ser de Esquerda não é querer ver pênis e vaginas coloridxs.

Sei que a liberdade sexual e a liberdade individual tornaram-se pautas da esquerda pelo simples fato do conservadorismo aliado ao capitalismo excluí-los. Respeitamos as causas onde isto é mais evidente, queremos a promoção da tolerância e da diversidade, mas parem de dizer que clipes como o da Clarice e atitudes onde há promiscuidade sexual é coisa de esquerdista pois 99% das pessoas na esquerda criticaram esse clipe e os outros 1% não se importaram. Não vi ninguém abraçar a causa e compartilhar tal vídeo querendo revolucionar. Não vi um militante na esquerda elogiar esse clipe.

Clarice Falcão é uma mulher que vive bem financeiramente, está dentro dos padrões impostos pelo conservadorismo/ machismo, é estudada e famosa. Talvez não precise tanto de apoio da esquerda para suas demandas mas ainda sim é bem vinda como militante. Eu, como feminista, sempre irei apoiar mulheres que falam por nós mesmas. No entanto, ela está promovendo sua carreira, isso nada tem a ver com política, com ativismo e se analisarmos no cenário atual, até afasta os trabalhadores da luta da esquerda. Esse é um ponto importante que a "nova esquerda" precisa se dar conta.

A maior parte da população pobre e trabalhadora teve criação conservadora, cristã e provavelmente se chocaria com um clipe deste (eu mesma achei super desnecessário). Se operários que sofrem as mazelas do capitalismo não se sentem confortáveis nessa luta podem procurar outras referências, enfraquecendo assim a luta de classes, consequentemente adotando um estilo de vida desrespeitoso e intolerante com a comunidade LGBT, por exemplo. O fim do capitalismo é a única maneira de se obter uma sociedade igualitária, onde homens e mulheres possam exercer suas liberdades individuais sem serem mal falados e consequentemente a nudez deixe de ser um tabu.

Muitas vezes é preciso entendermos o contexto social onde o conservadorismo ocorre, por que ocorre e lembrar que nem todo mundo que pratica um ato retrógrado é fascista. A essas pessoas pode ocorrer a falta de instrução, educação e não é expondo genitálias que farão se desconstruir. Precisamos nos organizar didaticamente pra atrair a militância mais necessária, que é a do pobre trabalhador. O fim dos tabus sexuais e do desrespeito para com a diversidade será apenas a consequência 😉

domingo, 18 de dezembro de 2016

Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil - parte 4

Continuando os textos sobre "Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil", quero compartilhar com vocês uma visão totalmente diferente do que já vimos por aqui, eu diria até com um caráter reacionário, mas que também é abordada na faculdade de História, sobre africanidade, negritude, período escravocrata, etc.

Confira aqui as postagens anteriores:
Tive em mãos durante minhas aulas de Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil um texto do autor Mia Couto, escritor moçambicano, cujo objetivo é demonstrar que os problemas enfrentados na África subsaariana não são de exclusividade da colonização européia.

Sabemos que europeus e estadunidenses tentam dominar meio mundo, invadem países impondo sua cultura, seus modos de viver e roubando suas riquezas mas não podemos culpá-los 100% como responsáveis pelos problemas no planeta, até porque isto não ocorreria sem a conivência de nativos destes locais "colonizados".

Mia Couto cita em seu texto "Os sete sapatos sujos" sete atitudes que contribuem para que o estado de pobreza extrema se perpetue tanto tempo em certos locais na África. A questão não trata-se de responsabilizar o negro africano por seus problemas no geral mas entender como uma auto crítica. As mesmas coisas citadas por Mia podem facilmente ser aplicadas no Brasil, se pararmos pra analisar:

O que é entendido como problema para o desenvolvimento africano:

  • A ideia de que o culpado são sempre os outros e nós somos as vítimas: Mia Couto acredita que o domínio europeu na África causou seus enormes prejuízos mas também criou uma mentalidade de não responsabilidade por parte de alguns nativos africanos;
  • A ideia de que o sucesso não nasce do trabalho: Muitos nativos africanos se acomodam em suas situações sociais por acreditar que quem avançou em escalas sócio-econômicas teve "sorte", é espiritalmente abençoado, coisas do tipo;
  • A ideia de que as críticas são sempre negativas: Acreditar que o quem orienta de forma correta e dura está fazendo-o apenas por inimizade;
  • A ideia de que mudar as palavras muda a realidade: Mia Couto entende que se importar com certas expressões usadas no dia a dia impede o progresso pois o que importa de fato seriam as "atitudes" das pessoas;
  • A vergonha de ser pobre e o culto das aparências: O nativo africano muitas vezes se sabota ao tentar ser o que não é, adotando um estilo de vida não condizente com suas condições financeiras. É um incentivo a um mundo de aparências. Aqui no Brasil chamamos de "ostentação";
  • A passividade perante as injustiças: Mia acredita que muitos nativos africanos são inertes em casos de violência, principalmente a contra às mulheres e crianças. Ainda existem comunidades africanas que mantém rituais violentos como a Excisão (mutilação genital feminina) e o "achatamento dos seios femininos" nas garotas mais jovens;
  • A ideia de que para sermos modernos devemos imitar os outros: Mia é específico em seu texto ao definir "os outros" como os colonizadores da maior parte da África;


Quis deixar este texto bem resumido de acordo com o que foi dado em sala de aula, não digo que concordo com tudo que é mencionado mas alguns pontos achei importante. Nos próximos textos posso adentrar em cada tópico mencionado dando meu ponto de vista e de outros autores mas na postagem de hoje ficaremos somente com o lecionado na faculdade.

Um abraço, Thainá Santos.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Por que há mulheres contra o Feminismo?

A tempos atrás conversando com uma amiga ela vira e diz que "odeia feministas". Pouco tempo depois conheci uma página no Facebook cujo título é: "Moça, não sou obrigada a ser feminista". Eu me perguntava: _Onde estas mulheres estão com a cabeça? Como elas podem ser contra nós mesmas? Porque Feminismo pra mim sempre foi um movimento político-social em busca de igualdade entre gêneros. Daí que comecei a perceber que pra muitos não é.

De 2013 pra cá fala-se MUITO sobre Feminismo nas redes sociais mas eu sempre ouvi falar, desde criança. Quando mais jovem assistia muito a novela "O Cravo e a Rosa" onde a Catarina, personagem principal, era feminista. Também assistia a série "Married with Children" (Um amor de família) em que a vizinha amiga da família protagonista também é feminista. Sempre conheci os estereótipos negativos (mulheres que odeiam os homens, não se depilam, não gostam de sexo) mas consciente de que eram apenas besteiras, que o real feminismo não é isto.

Daí quando comecei a ver páginas anti feminismo, mulheres postando contra o feminismo, eu pensava: Como assim gente? Feminismo não é isto!! A primeira reação é de ataque, a gente quer colocar na cabeça das pessoas a verdade, quer fazê-las enxergar que estão erradas e o risco de cometer um erro é grande. Nos tornamos pessoas agressivas e em nenhum momento paramos pra pensar porque muitos pensam diferente da gente.

A verdade que a militância feminista mudou. Antes, um movimento burguês meramente limitado a questões de gênero e direitos civis. Hoje em dia o Feminismo está diretamente ligado a esquerda, ao comunismo, aos movimentos sociais, a luta LGBT, ao movimento negro, etc. Claro que isto é ótimo mas também há pessoas exaltadas que não sabem ser didáticas, impacientes e que acham que todos vivem no ambiente de militância. Estas pessoas são a resposta do porquê muitos pensarem diferente da gente, do porquê muitas mulheres não gostarem do feminismo (fora o poder do patriarcado que faz certas moças acreditarem não precisar de direitos). 

A verdade que, em relação ao número de brasileiros, os militantes ativos da esquerda ainda são muito poucos. Nem todos tem acesso a universidades, ambientes acadêmicos e virtuais, páginas de feminismo e esquerda, bibliotecas, livros, etc. Nós devemos ser pacientes pra ensinar essas pessoas mas acima de tudo entender quem prefere se dizer "não-feminista".

Mulheres que odeiam o feminismo

Claro que fico triste das pessoas terem uma impressão ruim do feminismo, chegarem a informações distorcidas, mas ultimamente a pratica do feminismo na vida tem sido mais relevante que as palavras, pelo menos pra mim. A participante vencedora do Masterchef disse que não se sente ícone feminista e não se considera feminista, mas surpreendeu a todos vencendo numa competição onde o machismo impera, trabalha num ambiente onde mulheres são minoria (entre chefs de cozinha), mostrou seu talento e calou a boca de muita gente. Então Dayse, você não precisa se dizer feminista, não precisa se dizer nada, você praticou o feminismo sem saber, sem querer e pra mim isto que importa. Parabéns pela sua vitória 💛💓

Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil - parte 3 - Um pouco da cultura Africana

Nos textos anteriores (parte 1 e parte 2) dividi os com vocês alguns conceitos estudados na disciplina "Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil". Hoje, continuando o estudo, vamos conhecer através do professor Kabengele Munanga alguns pontos importantes quando falamos de cultura africana.

Kabengele Munanga é professor especialista em antropologia da população afro-brasileira, mora no Brasil mas nasceu em no Congo, onde iniciou seus estudos e graduou-se em Ciências Sociais.
Resumo sobre Cultura Africana
Professor Munanga: Mito!!

É interessante notar o quanto a cultura africana é semelhante a brasileira. Não podemos cair no erro de achar que há unanimidade comportamental em todos os países mas existem pontos em comum que formam a verdadeira identidade africana. A África subsaariana é a que mais apresenta tais características e é delas que falaremos abaixo.

Um aspecto cultural muito marcante na África subsaariana é como seus nativos encaram a morte. Para eles a perder a vida não é um fim com caráter separativo pois entende-se que há união entre os vivos e os mortos, através do legado deixado pela ancestralidade. Em outras palavras, os vivos são "unidos" aos mortos, por transmissão de forças inter parentais.

Maturidade: Para uma pessoa ser considerada adulta entendemos que deve sair da casa dos pais e ser capaz de sustentar-se sem ajuda de ninguém. Também associamos isto ao casamento. Já na África a vida adulta é caracterizada pela capacidade de suportar dores. Rituais de sacrifício servem para demonstrar o quanto madura e evoluída uma pessoa está.

Governo: Nos povos africanos é comum entender-se que o soberano é o povo, que este é o ser mais importante para representá-los, tanto que quando um governante caiu doente, por exemplo, deve ser afastado para que seu povo não "torne-se doente também". Muitas vezes são induzidos ao suicídio. Os chefes de estados são mantidos no poder por ancestralidade e socialização.

Unanimidade: A África possui um aspecto que eu, Thainá, considero de um caráter pacífico que é a unanimidade. Os mais maduros de um vilarejo ou localidade tendem a tomar decisões somente quando há um consenso sobre os mais diversos assuntos, evitando assim conflitos e possíveis guerras.

Família: É comum os africanos manterem proximidade com suas mães até a vida adulta e casarem-se por conveniência (casamento arranjado). Muitas vezes a ficção nos mostrou o casamento arranjado como algo negativo e repudiante mas devemos entender que o "amor romântico" e o "casamento por amor" são coisas relativamente modernas: a maioria das sociedades viviam assim no passado e não chegou-se a criar problemas sociais graves por conta disto. Na África o casamento também revela um status de acordo com quem você é arranjado, a qual família pertence e pertencerá (isso não é muito diferente daqui, né?). Há um laço forte de ternura entre os netos e os avós, uma certa cumplicidade porque avós = 💗 e também vemos muito disso em outras culturas. Na sociedade africana não há papel social para o solteiro e é incentivado o casamento e reprodução de pessoas com graus de parentesco muito distantes ou zero (exogamia).



>>> Confira aqui a quarta e última parte desta leitura

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil - parte 2

No primeiro texto acerca do Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil compartilhei por aqui alguns aspectos da vinda dos negros africanos para o Brasil que foram escravizados pela colônia portuguesa.

Vimos que os negros africanos foram escravizados, afastados de seus conhecidos e familiares que também vieram juntos, tiveram sua cultura demonizada para perder sua identidade como unidade e apesar disto, ainda sim, tornaram-se parte da cultura brasileira escrevendo sua história.

Hoje em dia já possuímos políticas públicas de reparação destes danos e tentamos pagar esta dívida histórica mas nem sempre isto tem se mostrado suficiente. Esta frágil democracia é muito mais teórica que prática. Nossa Constituição Federal já indica punição para casos de racismo, mas pouco acontece na prática e quase nada impede novas situações.

Sociólogos já constaram que quando alguém comete um crime, esta pessoa tende a "clarear" sua pele diante da justiça para obter uma pena menor. Não é difícil notar que os brancos ainda vivem em situação melhor que os negros: chegam a maiores níveis educacionais, são maioria dentre os mais bem remunerados, réus negros tendem a sofrer maior perseguição, dentre outras coisas que não é uma suposta doutrinação que indica, são fatos que podemos observar facilmente no nosso dia a dia.

O conceito de Negritude é aliado a uma ideia de movimento social que pretendeu romper com o padrão europeu imposto por nossos "colonizadores". O Movimento Negro sempre pretendeu a busca da valorização da cultura negra e respeito por ser quem é. Muitas vezes entrou em contradição com seus aliados, mas uma coisa é certa: É unânime o não querer voltar a um estado de alienação (escravidão).

Outro consenso dentro dos Estudos das Relações Étnico Raciais no Brasil é o silenciamento do Índio e do Negro na época da colonização. A escravidão poderia ter ocorrido com outros grupos étnicos e até nos dias de hoje ainda ocorre (de outras maneiras, com outras pessoas), mas daí negar sua existência é muita má fé. Existem grupos reacionários agindo online que tentam deslegitimar o Movimento Negro como se este fosse inútil, mas isto é um bom exemplo do que o racismo e a escravidão deixou como legado. O racismo e a escravidão do negro africano deixou uma cicatriz tão profunda em nossa cultura que muitos negros não se identificam com o movimento negro, acreditam que denúncias de racismo é "frescura" e que qualquer ofensa é vitimização por parte de seus semelhantes, logo, nem todos vivem esse conceito de Negritude.

Pode-se entender como início dessa tomada de consciência por parte dos escravizados a ação de Zumbi no Quilombo dos Palmares. Este incentivou os escravizados a fugirem de seus senhores para assim tornarem-se donos de si mesmo. Este comportamento de fato foi revolucionário e por conta disto a data de 20 de novembro (morte de Zumbi) foi escolhida para celebrar o Dia da Consciência Negra. Poderia ter, por exemplo, sido escolhido a data de 13 de maio (Lei Áurea/ Dia da Abolição da Escravidão) mas isto pouco significou na época, eis que a abolição não criou medidas de inserção do negro no mercado de trabalho formal, escolas, universidades, por exemplo.


O próximo texto vai falar sobre costumes e cultura africana, não percam!! Siga o Blog pra acompanhar de perto das atualizações. Um abraço, Thainá Santos.

>>> Veja aqui a terceira parte desta leitura

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil - parte 1

Nesta postagem quero dividir com você que chegou agora alguns conceitos e aspectos dos Estudos das Relações Étnico Raciais no Brasil. Esta disciplina cursei no primeiro período da faculdade de História e, embora aborde um contexto quase que 100% histórico, também é lecionada nas faculdades de Pedagogia, Letras, Serviço Social, etc.

Mesmo sabendo que no Brasil há uma grande miscigenação graças a imigrantes de outros países, o foco desta matéria é encima da cultura afro-brasileira, eis que os negros africanos foram o grupo social mais negligenciado em nossa historiografia. Como a História do Brasil foi escrita utilizando a colonização européia como parâmetro e o negro africano foi escravizado durante muito tempo, nada mais justo que o Estudo das Relações Étnico Raciais no Brasil focar-se na valorização desta cultura.

O Brasil foi o último país latino-americano que aboliu a escravidão: o cativeiro durou por mais de três séculos deixando marcas sociais muito fortes, podemos percebê-las até hoje. Isto inibiu discussões sociais por muito tempo além de ter criado "hierarquia" nos nossos modos de viver. A violência tornou-se intensa e o trabalho manual era quase que 100% exclusivamente destinado ao negro.

Resumo sobre Escravidão negra no Brasil
Negros africanos escravizados ao chegar no Brasil
Quando chegava ao Brasil, o negro africano era escravizado e perdia parte de sua cultura. Embora isto não pareça grave pode-se observar o quanto influenciou para a manutenção de privilégios do povo branco. A cultura de um povo é tão importante mas tão importante que quando este é dominado, umas das primeiras coisas que ocorrem é a destruição de seus símbolos e monumentos. Isto o faz enfraquecer como unidade tornando-se mais vulneráveis. Desse modo, "demonizar" e escarnecer tudo que era relativo a cultura africana era um dos principais objetivos de nossos colonizadores. Ao negro africano era negado o conhecimento sobre seus antepassados, sua cultura, seus deuses, etc. O afastamento de seus conhecidos ao chegar em nossas terras contribuiu muito pra isso também.

As vezes ocorriam atos de rebeldia como suicídios coletivos, rebeliões, fugas, etc. O banzo era o sentimento de tristeza e depressão que assolava a maioria dos negros escravizados, com saudades de sua vida na África, levando-os a loucura, estresse, vontade de morrer. De certa forma isto contribuiu para a imagem de uma sociedade paternal pois os senhores tratavam os escravizados de maneira proprietária.

Pela ausência de leis específicas segregadoras, como o Aphartheid na África do Sul por exemplo, o Brasil vive até hoje um racismo velado. As pessoas escondem o preconceito atrás de "brincadeiras" e se ofendem quando o negro não as aceita. O silêncio sobre o racismo não quer dizer que ele não exista.

A escravidão do negro africano também contribuiu para o crescimento do Capitalismo pois este fortalece-se através da dicotomia social. Aos escravizados era negado o direito e relativizavam muito leis que pudessem beneficia-los de alguma maneira, sendo assim, a marginalização desse povo institui-se de um jeito muito forte em nossas terras.

O final da escravidão era paralelo ao fim da Monarquia. Mesmo assim houve resistência de senhores brancos que não queriam perder seus privilégios, desse modo surgiram "intelectuais" dispostos a provar por meio de estudos que o negro era inferior ao branco. Conhecemos também isto como "Racismo Científico". Posteriormente estas teorias foram todas refutadas mostrando seu descabimento, mas ainda hoje existem pessoas que acreditam nestas besteiras.

Disto também resultou a política de "embranquecimento populacional", quando a coroa portuguesa incentivou imigrantes de outros países a se alojarem no Brasil, desde que fossem brancos. Casamentos inter-raciais eram permitidos e também incentivados, desde que objetivassem um embranquecimento da população.

O fim da escravidão no Brasil nunca pode ser visto com um olhar revolucionário eis que não foram criadas medidas pra inserir o negro no mercado de trabalho formal nem políticas de empoderamento (esta estão sendo criadas agora, olha quanto tempo depois). Assim se deu os primeiros momentos do negro africano no Brasil, infelizmente, carregados de abusos, dor e sofrimento.



Espero que tenham gostado deste primeiro texto, vou fazer mais continuações e posto aqui sempre atualizando. Nesse primeiro momento é importante abordar como se deu a escravidão para depois adentrarmos em mais detalhes. Também quero deixar registrado que o estudo da cultura africana (não a afro-brasileira) também será compartilhado pois nunca é tarde pra recuperarmos a auto estima desse povo que praticamente construiu nosso país.

Beijos, Thainá.

>>> Veja aqui a segunda parte desta leitura

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Anacronismo, Homofobia e Fidel Castro

Anacronismo é o ato de atribuir a um determinado período histórico um caráter errôneo, cobrar de indivíduos certos comportamentos não condizentes com a realidade vivida naquele momento.

Durante muito tempo vi pessoas dizendo que criminalizar a homofobia é "privilégio" pro gay, casamento civil igualitário é "privilégio" pro gay, ensinar sobre gênero nas escolas é "doutrinação gayzista" e que "Deus abomina o pecado mas ama o pecador".

Daí Fidel Castro morre e começa uma linda preocupação dessa gente com o quanto ele era homofóbico... que hipocrisia...

Fidel era um homem homofóbico sim (no conceito atual da palavra), assim como todos naquela época, assim como a maioria dos idosos é hoje em dia. Essa era a cultura daquele tempo, até a própria medicina considerava o gay um doente (hoje em dia estudos mostram que não são). Só pra constar, no ano 2010 Fidel Castro admitiu o erro e pediu desculpa a comunidade LGBT (e você aí curtindo "Orgulho Hétero")...

Então xingar a esquerda com o argumento de que Fidel Castro era homofóbico é de uma má fé sem tamanho, pois além dele ter se retratado, estas pessoas não estão preocupadas verdadeiramente com a Homofobia. Vivem reproduzindo jargões carregados de preconceito e dizem que é apenas "a opinião delas". Será?

Existem discursos rasos que incitam a homofobia ("Gay não é normal", "Deus ama o pecador mas não o pecado", "Pode ser gay mas não pode desmunhecar", etc)... Se você já reproduziu uma delas não quer dizer que você seja homofóbico por completo, mas ainda não parou pra pensar na mensagem dessas frases prontas.

E a faculdade? Fim do primeiro semestre

Se você está chegando aqui agora, deixa eu explicar. Sou formada na faculdade de Direito ⚖ que ingressei aos 18 anos. Na época foi apenas para satisfazer uma preocupação dos meus pais pois eu não sabia de fato o que cursar. Em meados do curso notei que não gostava muito e fui empurrando com a barriga até me formar. Não foi uma graduação excelente mas deu pra aprender bastante coisas. 

Desde então eu tentava me encontrar em várias coisas, até pro exterior eu fui (veja os posts sobre a Vida de Au pair), até chegar ao ponto de me matricular na Faculdade de História, que estou cursando no momento.

É muito difícil iniciar uma graduação após estar casada e/ou com filhos. Quando a gente não tem opção de "não trabalhar" é muito ruim conciliar estudos e emprego. Atualmente vendo doces e salgados (como muitos do Youtube sabem) e isso me ajuda pois eu consigo adaptar meus horários à faculdade.

Fiz uma postagem assim que entrei na faculdade dizendo que, não importa se é filhos, maridos, problemas de saúde e/ ou trabalho. O que mais atrapalha a gente iniciar um curso ou graduação são nossos pensamentos. Quanto mais a gente pensa mais a gente adia, sou super a favor de se jogar mesmo tendo medo. Sei que existem fatores que dificultam isto mas muitas vezes a vida nos mostras um caminho quando já estamos trilhando.

Hoje fiz minha última prova e posso dizer que tive um semestre excelente 😃 Mesmo tendo mais dificuldades que na época que morei com meus pais, hoje faço algo que gosto e tem uma super diferença nesse ponto. Consegui acordar cedo sem muitos dramas, frequentar todas as aulas e ter a matéria em dia, prestar atenção quase que 100% nas aulas e assim obtive êxito. O fato de ser uma segunda graduação também ajudou muito pois já me conheço e sei as melhores maneiras de estudar.

Então, se você quer iniciar uma graduação depois de "velha" (isso é modo de dizer) não pense muito. Também procure se informar como é o dia a dia da profissão escolhida e sobre as disciplinas cursadas pra ver se pelo menos rola uma identificação. Também veja vídeos e leia sobre métodos de estudos e concentração (eu, por exemplo, faço resumos) e matricule-se. Comece 2017 realizando esse sonho 💗💘