quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Série: The Handmaid's Tale (O Conto da Aia)

Dia destes comecei a assistir a série "The Handmaid's Tale" somente pelo incentivo das redes sociais. Quando, no auge dos delírios da bancada evangélica de nosso país pensou-se em criminalizar a prática do aborto (inclusive em casos de estupro), esta série foi muito exposta como exemplo de caminho que estávamos seguindo. Àquela velha sensação de volta da "Idade Média" em pleno 2018...

O Conto da Aia Seriado

De fato é uma série que se você é mulher (e tem consciência social) vai sentir um maior impacto, talvez mexa com seu psicológico e te faça refletir. Mas quando compartilhei um ponto interessante sobre The Handmaid's Tale no meu Facebook, senti um interesse por parte da militância ateísta, graças ao grande enredo religioso contido nessa estória.

The Handmaid's Tale é uma série inspirada no livro da autora canadense Margaret Atwood, de 1985, onde não há o país Estados Unidos como nação que conhecemos pois trata-se de uma distopia em que mulheres no geral não podem mais ter filhos, sendo algumas poucas capazes de engravidar. Estas moças que podem ter filhos são controladas pelo governo e forçadas a engravidar de chefes de Estados e outros homens influentes para dar continuidade à espécie: elas são as chamadas Aias e têm de renunciar a si mesmas (inclusive de seus nomes de batismo) para servir à estes homens.

Além de demonstrar a tortura que estas mulheres passam coercitivamente, a série mostra como a religião é capaz de influenciar nesse esquema horroroso baseado na premissa "Crescei e multiplicai-vos". Muitas vezes (se não todas) as ações que tais Aias são obrigadas a se submeter são justificadas pela Bíblia Cristã, escondendo o real intuito, impondo um sentido "sagrado" como já conhecemos e sabemos que não existe.

Quem nunca ouviu conselhos baseados na Bíblia Cristã? O grande problema não é ser uma bíblia, ou ser cristã, mas sim ser um livro de condutas escrito a muito tempo atrás cujo conteúdo nem sempre é apropriado aos dias de hoje. Quando alguém usa de seus dogmas para fazer o bem, ser generoso ou perpetuar um bom costume, não há problema algum. De fato, a Bíblia pode até ser usada como fator histórico. O problema é que as pessoas veem na Bíblia um livro sagrado, intocável e inquestionável, sendo ele escrito para atender interesses políticos da época somente e tal fato é ignorado no calor da emoção dos aficionados pelas suas religiões.

Enfim, The Handmaid's Tale é uma série ótima pra demonstrar a cruel face do Cristianismo e talvez seja até um tapa na cara daqueles que insistem em apontar condutas radicais nas religiões do Oriente Médio, mas romantizam algumas de suas condutas, como o casamento monogâmico com ênfase no prazer do homem, a proibição ao aborto seguro e ao casamento homoafetivo. Ainda estou na primeira temporada, aguardando ansiosamente pela trama pois o fator entretenimento também é bem satisfatório.

A série não tem tanta ação como eu gostaria, mas ainda sim te prende a atenção e vale a pena dar uma conferida 😉

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Como é a Experiência de Fazer Intercâmbio?

Desde muito jovem eu sempre sonhei em fazer Intercâmbio nos Estados Unidos, pedi até meus pais pra me matricularem num curso de inglês muito nova só pra aprender a língua, mas isto era um sonho distante, já que na época só rico podia fazer isso. Era bem desanimador conscientizar-se disto porque eu não era rica (ainda não sou) e achava que intercâmbio só seria bem aproveitado por jovens, que era uma coisa voltada pra adolescentes somente; eu não sabia de pessoas adultas fazendo intercâmbio.

Tudo sobre Intercâmbio
A verdade é que eu queria conhecer outro país e obter aquele status de "consegui sair do Brasil", já que ninguém na minha família nunca tinha realizado uma viagem internacional, mas eu não sabia o que a experiência de intercâmbio é na prática nem seu significado pro mercado de trabalho atual.

Eu saí do Brasil pela agência Cultural Care, que só realiza intercâmbios na modalidade Au pair, mas existem diversas outras agências e tipos de intercâmbios diferentes, sendo a maioria voltados aos estudos. Você pode fazer em outro país o ensino médio, uma parte da faculdade, um trabalho voluntário, um curso de extensão, uma pós graduação, enfim, são muitas possibilidades.

Ter uma agência te auxiliando no processo de obtenção do intercâmbio ajuda muito, mas não é obrigatório, pois você só precisa, basicamente, de uma documentação comprobatória de que está matriculado onde quer estudar (obs: Esta documentação não é garantia de que você vai conseguir entrar naquele país). Quando você vai para os EUA, por exemplo, você tem que tirar o passaporte (documento de identificação internacional) e solicitar um visto, que é uma autorização pra entrar no país, além de outras etapas na imigração. O visto para estudantes é específico, pra turistas é outro tipo e pra trabalho é outro. Como eu fui Au pair, modalidade onde você trabalha e estuda, eu tirei o visto J-1, mas existem outros vistos possíveis.

Você pode ficar na casa de uma família ou habitação estudantil, o que geralmente é mais caro, neste último caso: eu fiquei numa casa de família e não é nenhum mar de rosas, há muita chance de conflitos de convivência, afinal, pessoas adultas dividindo um mesmo teto podem se estranhar, só que as dificuldades também podem ocorrer em residências estudantis, não se engane achando que intercâmbio é só passear e postar fotos no Instagram.

Intercâmbio é um experiência muito mais difícil que pensei: a maior parte do tempo é perrengue, tentativas e falhas, dificuldades de adaptações em vários sentidos: clima, comida, pessoas, idioma... Mas também são surpresas, diversão com coisas que jamais imaginávamos, experiências novas, troca cultural, conhecimento, amadurecimento e capacidade de se reinventar: conhecer lugares e pessoas incríveis.


Quase 100% das pessoas que voltam ao seu país de origem após o intercâmbio sentem-se deprimidas e tristes, não se adaptam a rotina e demoram a se acostumar. Isso ocorreu comigo mas ninguém morre por causa disso: como diria o poeta, segue o baile. Hoje estou refazendo minha vida no Brasil mas ainda sinto muita vontade de visitar o que não visitei.

O mercado de trabalho atual valoriza muito a experiência no exterior mas não ache que você precisa de um diploma em Harvard pra ser escalado: qualquer experiência que inclua estudos no exterior conta muito. O empregador sabe que viver em outro país mostra maleabilidade e jogo de cintura, capacidade de lidar com o novo e superar as diferenças, então, fazer intercâmbio sempre será um bom investimento.

Esqueça-se de modelos tradicionais de intercâmbio, engessados, como ir para uma residência estudantil fazer curso de inglês: Existem vários cursos diferentes, em países pouco explorados, que podem rechear seu currículo 🛨📚 Não tem uma pessoa que tenha feito intercâmbio, ido e voltado com o mesmo coração 💗 Se tiver oportunidade, faça, você não vai se arrepender.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Por que ser Professor(a)?

Eu nunca tive em mente uma profissão exata na qual eu gostaria de trabalhar. Infelizmente, por conta da insegurança financeira eterna deste país, eu sempre pulava de galho em galho, balançada entre o que "dá dinheiro" e o que eu gosto: minha adolescência e início da vida adulta foi todinho assim.

Eu morria de inveja das pessoas que desde jovens estavam seguros de suas escolhas, via meninos e meninas sonharem com carreiras e afirmarem o que desejavam desde muito cedo e me perguntava por que isso não acontecia comigo 😞 pra mim era uma situação muito triste.

Entrei na faculdade de Direito porque achei que lá haveria mais oportunidades pra mim mas não foi bem assim que aconteceu. Decidi ser Au pair nos EUA e via aí uma ótima oportunidade, finalmente havia escolhido um caminho objetivo, mas de que adiantava se mudar pra outro país sem uma meta de carreira definida? Enfim...

Hoje quando olho pra História, que é meu curso de graduação, sinto que fiz a escolha certa pois eu AMO ESTUDAR. Adoro aprender tudo que é possível, amo contextualizar tudo sob um olhar histórico, adoro quando encontro alguém que gosta do assunto, mas ainda sim eu não me via em sala de aula.

Por que decidi ser professora de História?
Quando fui chamada neste concurso (Agente de Apoio à Educação Especial) fiquei mega feliz porque finalmente eu teria um emprego estável e um salário (ainda que baixo) mensal. Eu não tinha noção de que isto iria me ajudar tanto... não somente no aspecto financeiro, mas a vivenciar o que é o cotidiano da sala de aula. Eu só pensava em trabalhar com pesquisa e vida acadêmica, hoje não me vejo sem querer dar aulas.

Hoje tenho uma boa noção do que é a vida de um professor, de uma direção e de um corpo escolar como um todo. Embora eu ainda não seja, muitas pessoas me veem como professora, ganho até presentes no dia dos professores 😄 huahuhaha.

Hoje vejo o que minha mãe passava numa sala de aula, as dificuldades, as lutas, o desrespeito por parte de alguns alunos (e, infelizmente, até vindo de certos pais). Mas também vivencio as vitórias, as mudanças, o amor e o carinho que vem da grande maioria (inclusive de alguns pais).

Repassar o conhecimento pra mim não é só uma profissão, é uma meta de vida. Como sempre digo, todo Estudante de História é movido pelo grande sentimento de querer mudar o mundo, e não existe nada mais perfeito do que a Educação pra isto 📚💘 Num sistema como o nosso, estudar é o ato mais revolucionário que existe.

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Conheça o AquaRio e a Zona portuária do Rio de Janeiro

No recesso escolar de Julho do ano passado eu e minha família fomos ao Aquário Marinho do Rio de Janeiro, mais conhecido como “AquaRio”, localizado no bairro Saúde, no centro do RJ.

Este Aquário foi uma das iniciativas promovidas pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro com finalidade de revitalização da Zona Portuária da Cidade, que a anos estava abandonada e era palco de episódios de violência e abandono. A revitalização da área foi realizada em 2015/ 2016 com o advento dos Jogos Olímpicos que ocorreram na cidade e podemos citar alguns locais que foram inaugurados ou receberam mais atenção.

O Jardim Suspenso do Cais do Valongo , por exemplo é uma construção datada do início do séc. XX e foi feito para conter uma encosta do Morro da Conceição. Atualmente faz parte Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana e é um dos pontos turísticos da cidade localizado na Zona revitalizada.

O MAR - Museu de Arte do Rio é uma das atrações imperdíveis da Zona Portuária (localizado na Praça Mauá) pois dedica-se à expor a história da cidade do Rio de Janeiro de forma realista e transversal. O prédio situa-se no antigo terminal rodoviário Mariano Procópio, agora integrado como "Escola do Olhar" e possui um design diferente, chamando atenção dos que por ali passam.

O Museu do Amanhã é o mais novo empreendimento construído na área, também conhecida como Boulevard Olímpico, e sua arquitetura é a mais atraente, presente em fotos de milhares de turistas, chamando atenção da mídia e dos amantes da fotografia.

Conheça o AquaRio e a Zona portuária do Rio de Janeiro

O AquaRio é então uma das atrações desta parte importante da cidade e conta com 26 mil m² de área construída e 4,5 milhões de litros de água, possuindo quase 8 (oito) mil animais de cerca de 350 espécies diferentes para exposição. A atração principal do aquário é seu tanque com 3,5 milhões de litros d’agua cujo interior conta com um túnel para os visitantes passarem por dentro, apreciando a vista dos animais marinhos e a tubarão fêmea, Margarida.

O AquaRio também possui um museu com exposições permanentes e temporárias sobre temas relativos ao ambiente marinho, o Museu das Ciências e por fim, a visita ao museu se deu gratuitamente por eu ser servidora municipal e esta gratuidade também se estende a visitantes portadores de necessidades especiais e professores no geral.

OBS.: Este texto foi criado por mim para apresentação de relatório referente à Atividade Acadêmica Complementar em minha universidade. Caso utilize-se como fonte em seu trabalho, por favor, dê os créditos.

domingo, 7 de janeiro de 2018

O Instagram como rede social nociva à saúde mental

Eu já tinha ouvido falar que existem críticas ao Instagram por promover padrões de vida e sociedade irreais. Sinto que toda vez que usamos acessamos fotos lindas, em locais badalados, de gente que nem conhecemos e sempre bate aquela pontinha de inveja. Na verdade eu sinto isto, mas não querendo tirar o meu da reta, não considero inveja, considero um simples desejo. Inveja na minha cabeça é desejar o que é dos outros e desejo é querer aquilo pra si também, sem tirar o da outra pessoa. Até que ponto isto é saudável?

Não querendo fazer a advogada do Diabo, mas vejo muito mais toxicidade no Facebook que no Instagram, mesmo que ambas as redes sejam conectadas e pertençam ao mesmo dono e mantenham certa similaridade.

Perigos das redes sociaisNo Facebook você tem o elemento "família", que pra muitos pode ser extremamente tóxico. Todo mundo já passou pelo caso de postar alguma coisa e um parente vir cobrar satisfações, ainda mais quando é algo relativo à política ou religião. Ainda no Facebook existem as páginas de notícias que, dependendo do que publicam, desencadeiam uma rede de justiceiros sociais e anti-justiceiros enorme, gerando "debates" (sim, entre aspas) que não levam ninguém à lugar nenhum. Eu mesma me prometi que quando desse de cara com alguma notícia sobre a comunidade LGBT não iria mais ler os comentários, tem cada um que dá asco.

O Facebook é nocivo porque as pessoas fazem as coisas pensando nele, em quem vão mandar indiretas, em quem querem "sambar na cara", eu mesma já até recebi ameças apenas por postar meu ponto de vista político em certas ocasiões e isto ocorre não é pelo formato de mídia, acredito que seja por ser um veículo mais popular, que todo mundo usa o dia todo.

Já o Instagram eu consumo em doses pequenas: como meu pacote de dados não inclui esta rede gratuitamente, só vejo algumas fotos um pouquinho antes de dormir, não fico nem 20 minutos. Adoro ver ideias de fotografia, confeitaria, lugares que gostaria de visitar, novidades em cosméticos e maquiagem e isto sim pode ser fútil, mas me distrai, depois de um dia cansativo de trabalho e estudos é tudo que eu preciso. Vejo muito mais como um incentivo à beleza e bom gosto do que como algo tóxico.


Eu gosto de usar o Instagram e depois que passei a usá-lo mais em relação ao próprio Facebook, sinto que estou mais leve, sem pensar nas mazelas sociais que nos cercam, sem entrar em depressão com notícias difíceis, sem surtar cada vez que vejo um comentário cancerígeno... enfim...

Sei que não devo me alienar e esquecer o mundo real, nem ficar me comparando as musas fitness que hora estão em Paris, hora estão em Noronha, mas, ainda sim vejo o Instagram como uma rede social mais leve que o Facebook.

sábado, 6 de janeiro de 2018

"Quem faz a Faculdade é o aluno"... será?

Eu sempre ouvia esta frase quando era mais jovem: "Quem faz a escola é o aluno". Quando estive prestes a tentar vestibular em universidades federais, também ouvia isto vindo dos defensores da universidade privada. E é verdade... mas... existem alguns detalhes importantes.

Como já disse anteriormente aqui no Blog, eu só comecei fazer faculdade a distância (EAD) porque tomei posse no meu atual cargo e gozo de certa estabilidade; caso contrário, talvez eu não fizesse. Mesmo que a pessoa se esforce pra adentrar no mercado de trabalho e seja ótimo aluno, os empregadores ainda tem preconceito e quando você diz que faz faculdade à distância, muitos ficam com pé atrás.

A faculdade, realmente, quem faz é o aluno, vai partir dele a iniciativa de procurar estágio, de se aprofundar no que o professor ensinou, de não ficar inerte diante do conhecimento. Mas algumas faculdades são mais incentivadoras que outras, infelizmente. Nesse caso, as universidades federais acabam dispondo de mais eventos para estudo que as universidades particulares. 

Na minha faculdade não existe muito estímulo por parte dos professores e funcionários para que nós, alunos, busquemos conhecimento. Há palestras, há algumas ações sociais, mas eu acho pouco (não sei se estou sendo muito exigente, nunca fiz universidade federal pra comparar). Eu gostaria de estar numa universidade que oferecesse mais opções de cursos, palestras, encaminhamentos, iniciações científicas, etc. As faculdades particulares do país deixam a desejar nesse sentido. Nenhum professor meu menciona "mestrado" ou "pós" em suas aulas, apenas limitam-se a passar o conteúdo programático.

Tenho o hábito de escrever neste blog (e no meu perfil no facebook também) justamente porque não tenho com quem conversar, trocar experiência acadêmica e trocar experiência como aluno de História. Se você for um, pode se sentir a vontade pra trocar uma palavra.

Enfim, a faculdade quem faz é o aluno, mas infelizmente a rede particular deixa a desejar em relação ao incentivo para com a gente. Só quero que saibam que não devam deixar de estudar por conta disso: Quem faz a faculdade é o aluno sim (mesmo que a faculdade não colabore com isto).

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Livro: A Bela e a Fera - SEM SPOILERS

Muitos contos de fadas não tem autoria certa, são estórias passadas de boca em boca através do tempo e que, geralmente, adapta-se de diversas maneiras. Não é bem o caso d'A Bela e a Fera.

Resenha do livro a Bela e a Fera, versão original

Sempre achei lindo este desenho criado pela Disney e, assim como a maioria das pessoas, achava que a própria havia construído esta estória. Só que não! A Disney usa em suas animações diversas estórias já consagradas, algumas até baseada em fatos reais, mas não foi ela quem criou A Bela e a Fera. Esta estória é bem mais antiga que isto...

Eu vou comentar especificamente desta edição, da editora Zahar que consumi em apenas um dia e adorei conhecer melhor.

O livro começa com uma apresentação de Rodrigo Lacerda, escritor e historiador, que nos mostra haver duas versões "oficiais". Na verdade, a versão original foi criada pela escritora Madame de Villeneuve e publicada em 1740. Mas a versão mais conhecida foi adaptada por Madame de Beaumont, em 1756, e tornou-se a mais popular (provavelmente a que você conhece dos filmes).

Madame de Villeneuve escreveu a estória d'a Bela e da Fera focando em seus antepassados, nos pais da Bela e da Fera (desta última, mais especificamente a mãe). Já Beaumont, com a versão mais popular, tentou buscar um caminho mais lúdico e infantil, numa versão focada somente no romance dos protagonistas.

Este último é como conhecemos e ainda sim há versões diferentes. No desenho da Disney da década de 1990 e no último filme com Hermione Emma Watson, temos o personagem Gastão, por exemplo, que não existe nas versões originais.

A família da Bela também é controversa, pois ora aparece numerosa, ora aparece como filha única. O elemento "irmãs invejosas", tão comum nos contos de fadas, aparece na versão de Beaumont, mas não nos filmes de grande bilheteria.

Enfim, vale muito a pena ler este livro, mesmo que você já conheça a estória dos desenhos pois você irá se surpreender 😉 A Bela e a Fera não é um livro infantil, é um conto cheio de surpresas e sentimentos adultos.

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quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

O Dia a dia de uma Agente de Apoio à Educação Especial


Nesta postagem quero dividir com vocês como é a experiência de trabalhar como Agente de Apoio à Educação Especial na SME/RJ. Primeiramente quero deixar abaixo alguns detalhes sobre o cargo e depois como é na prática.

O cargo de Agente de Apoio à Educação Especial é de nível médio, sendo que a maioria das agentes tem formação além; são pedagogas ou normalistas aguardando pra trabalhar como professora. Muitas de nós já possuímos experiência no trabalho com crianças por fazermos licenciatura ou ter atuado em mediações, creches, etc. Eu mesma já fiz trabalho voluntário em creche e já fui Au pair, então, o trabalho com os alunos não chega a ser grande novidade.

O salário é baixo devido à formação exigida e só temos direito à auxílio transporte e vale alimentação de R$12,00 ao dia e não temos direito à enquadramento 🙁(aumento no salário devido à formação superior). Também temos direito à plano de saúde ASSIM mas é optativo: desconta-se cerca de 2% do nosso salário caso optemos por filiar. Temos todos os direitos de um servidor do município do Rio de Janeiro: recebemos férias, décimo terceiro, contribuímos com a Previdência e temos a estabilidade do servidor após três anos de estágio probatório. O concurso foi realizado em 2014 e só em 2016 a prefeitura foi obrigada, por determinação judicial, a convocar os 150 primeiros aprovados. Em fevereiro de 2017 o Prefeito Marcelo Crivella convocou mais 300 agentes pra posse, e foi nessa leva que tomei posse. A prefeitura ainda disse que iria convocar em Abril de 2017 mais 900 agentes, mas até hoje nada.

Este cargo foi criado pelo vereador Paulo Messina, que atualmente é Presidente da Comissão de Educação da Câmara do Município e queria botar em prática o estabelecido na Declaração de Salamanca, realizada na Espanha, na década de 1990. Esta Convenção estabeleceu as diretrizes pra inclusão da criança com deficiência na escola e, mesmo com todos os problemas, a prefeitura do RJ ainda é um referencial. Acontece que as escolas particulares não tem essa iniciativa de inclusão do portador de necessidades especiais e por lei, toda criança especial é obrigada a estar matriculada em algum colégio.

Nós agentes de apoio à educação especial damos suporte à essas crianças em vários sentidos: ajudamos com a alimentação, higiene, integração no espaço escolar e com os deveres elaborados pelos professores. Nós não temos como obrigação "criar" tarefas para os alunos incluídos, elas devem ser realizadas pelo professor responsável e nós ajudamos a executar, mas claro que ideias são sempre bem vindas pois acho que não há problema algum sugerir coisas que são para o bem estar do aluno.


Claro que nem tudo são flores: existem alunos difíceis, violentos e até alguns pais são difíceis de se lidar também. No entanto, mais de 90% dos alunos incluídos são amorosos e seus pais são excelentes, então, é muito gratificante. Neste ano conheci mães excepcionais, histórias lindas de superação e hoje tenho uma profissão que me orgulho muito. Amo ser Agente de Apoio à Educação Especial e o único problema é a baixa remuneração. Tirando isto, é uma profissão muito gratificante 💗

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Obstáculos enfrentados pelos alunos ao longo da Formação

Ano passado assisti uma palestra com um profissional da área de saúde que expôs os principais obstáculos enfrentados pelos alunos de graduação ao longo de sua formação; em outras palavras, as coisas que mais atrapalham o estudante na universidade, nos estudos em geral.

Quando pensei a respeito do tema da palestra me veio a mente a dificuldade dos alunos que dependem de transporte público pra se locomover. Aqui no Rio de Janeiro é uma porcaria depender de ônibus, trem ou van, ainda mais se você mora na Zona Oeste da Cidade. Empatado com a questão mobilidade, entra a questão trabalho, que também é muito difícil de conciliar.

Mas esta palestra falava sobre saúde mental, em como é alta a taxa de suicídio no meio acadêmico e como isto é pouco divulgado. Muitos alunos se sentem tão cobrados sem ter apoio emocional e acabam caindo em profunda depressão, grande causadora de evasão mas também suicídios.

Enfim, mas quais os principais obstáculos pelas palavras dos próprios alunos?

  • Estágio: O período de estágio pode ser o mais enriquecedor mas também o mais atribulado, justamente por conta da mobilidade e horários a conciliar. Além disto, a maioria dos que fornecem o estágio não respeitam seu horário de trabalho, explorando ao máximo o pupilo, muitas vezes em funções nada a ver. Quem faz Direito e estagia em escritório particular sabe como é 🙁 Quando estagiei em escritório foi muito difícil já que eu precisava daquela remuneração (ainda que pouca) e precisava assistir as aulas: ou seja, só fazia estágio nas férias, nenhum respeitava meu horário de aula e eu precisava me formar;
  • TCC/ Monografia: O ideal seria tirar um ano somente pra pesquisa de TCC ou monografia, já que o ideal é pesquisar ao máximo o assunto proposto. Acontece que além de trabalharmos (precisamos pagar nossas contas) também temos outras disciplinas pra estudar, aí fica difícil a dedicação integral no trabalho de conclusão de curso. Para muitos, esse é o período mais difícil da faculdade;
  • Descaso dos orientadores: Todo mundo que já se formou sabe que poucos são os orientadores que realmente ajudam no trabalho de conclusão de curso, a maioria só assina e as vezes nem lê. Tem orientador que só quer auxiliar se você abordar o tema que ele quer.. Fora a questão do "puxassaquismo"...
  • Competitividade: Embora eu nunca tenha passado por isso (se passei, não percebi), alguns alunos relatam que a concorrência não-saudável entre os alunos pode atrapalhar e muito os estudos, pois muitos passam a realizar feitos pra aparecer, não pra, de fato, acrescentar algo útil na formação;
  • Saúde mental: A gente leva tanta porrada da vida que acha que tem que ser forte o tempo todo. Eu ainda não descobri o caminho de como admitir a fraqueza, talvez o peso de sustentar uma casa não me permita fraquejar, mas estar ciente de que apoio psicológico é tão importante como qualquer outro, já é um primeiro passo;
  • Questão financeira: Se você realmente não estiver determinado a se formar, qualquer dificuldade financeira te fará trancar a faculdade, e depois, pra voltar, é muito desanimador. Tente se programar financeiramente, ter uma reserva pra emergências e sempre que a dificuldade pintar, procure negociar os valores com sua faculdade. Para eles é mais interessante manter um aluno pagando menos que perder uma matrícula, a maioria das faculdades oferecem bolsas de descontos, procure se informar;

Enfim, espero que este pequeno texto ajude os estudantes visualizar que não é somente com eles que ocorrem estes problemas e que há uma solução quase sempre. Mas também decidi escrever pra alertar os novos alunos que sonham ingressar numa faculdade. Dificuldades sempre vão existir e quase sempre dá vontade de desistir, mas vale a pena demais poder dizer, no futuro, que você tem uma profissão 🎓

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

A falta de motivação diante do discurso empreendedor e suas consquências

Tenho notado nos últimos tempos uma ferrenha crítica à atividade empreendedora no Brasil, principalmente por parte de camaradas comunistas. Antes de me definir como socialista ou comunista, eu sou uma anti-capitalista. Vivo essa realidade e sei que é um sistema falho, discriminatório e excludente, sempre serei contra essa desigualdade. No entanto, se estamos vivendo no capitalismo, precisamos pagar nossas contas, e é aí que entra o empreendedorismo (e deveria entrar a compreensão por parte da esquerda).

Crítica ao discurso anti meritocrata
Você acha mesmo que essas pessoas fazem isso só pra aparecer?
O pequeno empreendedor jamais deverá ser comparado ao empresário que frauda, suborna e sonega. O pequeno empreendedor sou eu ou você fazendo malabarismo pra pagar as contas, batendo cabeça diante da concorrência, acreditando sim no discurso meritocrata porque simplesmente não há outra opção.

Quando fiquei desempregada em 2015 decidi vender bolinhos e sobremesas nas ruas e foi muito difícil aceitar que eu, uma pessoa graduada, estava fazendo isto. Por mais que a gente saiba que trata-se de um emprego digno, a gente fica desanimada. Tentei não fazer durante um tempo mas quando a necessidade bateu na porte eu fui, sem pensar muito, pois problematizar sobre as desigualdades sociais e sobre o capitalismo iria me fazer desanimar mais ainda. Existem momentos da vida que nós precisamos parar de pensar e refletir tudo academicamente pois o bolso ainda é o "órgão" que mais dói no nosso corpo. 

É perigoso pra nós da esquerda empregar essas frases do tipo "Empreendedor nem é gente" pois as vezes não existe outra opção pro desempregado. Não incentivo a hipocrisia semeada pela direita de que o sucesso se obtém somente através do esforço, mas também não devemos nos acomodar diante dessa crise difícil no país e nos afundar mais e mais em dívidas: o discurso empreendedor cresceu em conjunto com essa crise maldita criada pela direita, precisamos dar a volta por cima.

A falta de motivação diante do discurso empreendedor trás como consequências uma sociedade estagnada e submetida ao imperialismo, à dominação e falta de iniciativas. É mais saudável que saibamos equilibrar as duas partes do que somente incentivar a crítica ao capital. Se empreendedor nem é gente, não espere deles uma chance de trabalho. Espero que não encarem isso como apoio às políticas capitalistas que infelizmente permeiam nossa sociedade, é apenas um desabafo de quem vê na educação a única esperança de melhoria.