Dia 19 de abril foi instituído, na década de 1940, como o Dia do Índio, graças a iniciativas de lideranças que participaram do Congresso Indigenista Interamericano, no México. E nesta data é comum vermos professores pintando seus alunos de índio, usando fantasias que reforçam estereótipos e ignoram a singularidade das diversas comunidades no país.
Quando os portugueses chegaram a terra que hoje chamamos "Brasil", dividiram os grupos étnicos em dois: Os Tapuias (nome pejorativo) e os Tupi-Guaranis. Os Tapuias eram sociedades indígenas que viviam em regiões mais interioranas e os Tupi-Guaranis eram os grupos residentes na região compreendida entre São Vicente (atualmente, na área de São Paulo) e o sul do Maranhão, uma área mais voltada para o litoral.
Os Tupi-Guaranis eram assim denominados por compartilhar de um dialeto similar e os Tapuias eram basicamente os "não-tupis" mas não se identificavam como uma unidade, afinal, esse conceito foi criado pelos portugueses. Entre os dois grupos haviam diversas comunidades indígenas e nem todas viviam da mesma maneira; compreender as particularidades de cada grupo é importante pra nos despirmos da ideia que de "índio é tudo igual".
Além disto, é importante também eliminarmos a ideia do índio como ser indefeso que não se opôs à colonização portuguesa. Ao estudarmos a História dos povos indígenas e afro-descendentes no Brasil estaremos diante de muitos conflitos ocorridos na época e só há conflito quando há resistência, certo?
O nativo brasileiro/ latino-americano impôs-se muitas vezes para preservar sua cultura e espaços territoriais. Mas também graças mesmo a essa cultura cedeu em nome de acordos, alianças, ameças, etc.
Então, ao invés de pintarmos nossos alunos e ensinar-lhes que o índio caça, pesca e anda vestido com "penas", que tal ensinarmos que até hoje existe uma queda de braço entre imperialismo e sociedades indígenas? E que este conflito é alimentado pelo capitalismo, pela ganância e pela desunião, inclusive, desses povos? Porque as guerras vividas entre os indígenas à época da colonização enfraqueceram o povo de uma maneira que facilitou a dominação portuguesa.
Índios não são seres exóticos, não são ingênuos/ indefesos, não vivem sob as mesmas condições e não são todos iguais. Buscar fontes indígenas e ouvir o que elas tem a dizer também é de suma importância na valorização da cultura indígena. Nós não devemos falar por eles e sim ouvir o que há pra ser dito.
Que neste Dia do Índio nossas crianças tenham mais contato com esse universo através dele mesmo, conhecendo aldeias e quilombos, ouvindo lideranças dos povos indígenas e absorvendo o que for de bom para a construção do seu caráter.