O principal documento que norteia o Currículo na Educação Infantil é o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil, também conhecido como RCNEI. São orientações para educadores agirem com as crianças, de caráter nacional e NÃO obrigatório.
Um conceito que o RCNEI trás a tona é o de transdisciplinariedade, que é a ideia de conhecimentos múltiplos agrupados sem separação. Em outras palavras, é a ideia de que a criança não vai aprender na Educação Infantil as matérias separadamente (História, Geografia, Matemática, etc), mas sim vai aprender de modo que essas disciplinas se "entrelacem" e vão além dos ministrados tradicionalmente.
O RCNEI também explora a questão do brincar como fundamental importância na vida da criança e no espaço escolar. A brincadeira e o brincar são vistos como principal modo de expressão da criança tornando-se indispensável na Educação Infantil. Em outras palavras, nas aulas ministradas pelos educadores infantis deve sempre haver o momento da brincadeira, de forma direcionada ou não.
O Falar, a Leitura e a Escrita na Educação Infantil
Hoje entendemos que a linguagem é uma herança cultural de suma importância. O Educador Paulo Freire entende que "a leitura de mundo precede a leitura da palavra", o que quer dizer que a leitura e a escrita foram criadas pra sanar necessidades pré-existentes.
O RCNEI entende que a criança tem direitos aos bens de sua cultura e a linguagem é um destes bens, de maneira que a criança não é obrigada a ler e escrever na E.I. porém, se o educador notar um certo interesse do aluno pela leitura e escrita, deve sanar sua curiosidade epistemológica, respeitando seu tempo de desenvolvimento. A alfabetização não deve ser imposta mas sim ocorrer de maneira natural.
Podemos dizer então que quando uma criança na E.I. demonstra curiosidade pela escrita e pela leitura, o professor pode trabalhar com materiais que sanem esta curiosidade, apesar de não ser obrigatório.
É também compreensível que esses materiais devam remeter ao cotidiano da criança, assim, trabalhar com "bilhetes", "cartinhas", "receitas de bolo", etc vão fazer o aluno se sentir mais familiarizado.
É importante frisar que o adulto nunca deve falar de modo infantilizado pois a criança nesta fase está aprendendo a falar e não deve aprender falar errado.
Historicamente, a E.I. tem assumido o lugar de ampliar as possibilidades da criança em expressar-se na linguagem oral. Desde o berçário, os bebês podem compreender o que se passa ao seu redor, antes mesmo de desenvolver a fala.
Nós enquanto adultos e educadores devemos sempre estimular a fala dos bebês conversando com eles de maneira não infantilizada e utilizando as palavras de modo correto.
Alguns exemplos de práticas de exploração oral:
- Contar ou recontar uma historinha
- Ditar uma cartinha para a criança e pedir para ela reproduzir do jeito que souber
- Mandar recados
- Explorar o campo de Faz-de-Conta
A mediação do educador que fará a diferença em relação ao aprendizado da criança. O conceito de mediação é pautado num estudo desenvolvido por Lev Semyonovich Vygotsky, importante nome na área da educação.
Vygotsky entendia que todos nós seres humanos, nos momentos de aprendizagem de qualquer coisa, estamos numa zona chamada "Zona de Desenvolvimento Proximal", que é a distância entre aquilo que a gente não sabe até o saber completo com total autonomia.
Assim, com elementos mediadores conseguimos avanços nas zonas de desenvolvimento proximais, sendo tais elementos classificados como elementos que nos fazem aprender. Esses elementos mediadores podem ser qualquer coisa, como livros, revistas, programas de TV e até mesmo o professor. Em outras palavras, mediador ou elemento mediador é aquilo que nos leva ao conhecimento, que facilita a aprendizagem.
A aprendizagem humana não se dá por transmissão de uma pessoa pra outra mas sim por construção, que é quando a pessoa aprende consigo mesma, com suas experiências de vida. No caso da alfabetização, o professor que é o elemento mediador.
Conhecimentos Matemáticos na Educação Infantil
Para Jean Piaget, é necessário sempre respeitar o tempo de desenvolvimento de cada criança de modo que os conhecimentos matemáticos (mas não somente eles) devem ser aplicados de modo individualizado, quando possível.
É preciso deixar o mecanicismo de lado e utilizar-se de uma leitura diagnóstica de avalização. A avaliação também precisa ser mediadora (ou seja, servir como ponte pro conhecimento chegar até a criança) e formativa (contribuir para aprendizagens posteriores).
Para ter exito na exploração de conhecimentos matemáticos, é aconselhado ao educador trabalhar situações do dia a dia das crianças e brincadeiras. Um olhar atento é capaz de perceber que as crianças trabalham noções de medidas e grandezas a todo momento (litro, peso, volume, etc). Cabe ao professor explorar isto para que as crianças compreendam de maneira natural e não meramente decorativa. Para isto, é importante o educador descrever a todo momento o que está acontecendo e o que vai acontecer. A matemática não deve ser ensinada como algo isolado do mundo.
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Enfim, espero que tenham gostado do texto e isto ajude-os nos estudos.
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Boa sorte a todos!
Texto desenvolvido para os estudantes dos concursos de professores de educação infantil*
Próximo tema: O Currículo na Educação Infantil - RCNEI - parte 2